Por Luiz de Orleans e Bragança/Gazeta do Povo
O Exército e as Forças Armadas como um todo podem estar intactos, mas o processo de deterioração de sua imagem e reputação é irreversível.
Expostos pelas manifestações que ocuparam por 60 dias a frente dos quartéis em todo país, ficou a percepção na opinião pública de que os generais lavaram as mãos da política e que não iriam responder a uma demanda constitucional de garantia à lei e à ordem, caso ela ocorresse.
Com essa ação, ou melhor, inação, os generais colocaram as Forças Armadas em uma sinuca tripla: caíram em desgraça com a direita que sempre as defendeu; ficaram à mercê da esquerda que sempre as odiou e tornaram evidente a necessidade interna de se redescobrirem.
Talvez por medo de polemizar, preferem se promover de forma politicamente correta como “braço forte e mão amiga” de apoio aos demais serviços sociais do Estado; ou seja, mudaram sua missão e podem ser absorvidos pelos outros serviços públicos de bem-estar social a qualquer momento.
Dessa forma, a opinião pública e os políticos cresceram com a falsa impressão de que não temos inimigos, que tudo está bem na América do Sul e não precisamos de uma força de defesa efetiva.
Recentemente, alguns membros das FFAA perceberam o erro dessa construção e passaram a se posicionar mais sobre nossos riscos reais, mas são poucos e de pouca influência para dar uma guinada nos rumos da FFAA.