Por Vandré Kramer/Gazeta do Povo
A droga que mais mata nos Estados Unidos foi apreendida pela primeira vez no Brasil, levantando temores de que a substância responsável por uma epidemia de overdoses na América se alastre pelo país.
No mês de fevereiro, a Polícia Civil do Espírito Santo encontrou 31 frascos de fentanil (analgésico cem vezes mais potente que a morfina) com um fornecedor do tráfico em Cariacica, na Grande Vitória. A principal linha de investigação supõe que o medicamento esteja sendo usado para batizar cocaína e outras drogas sintéticas, procedimento comum também nos EUA.
A mistura geralmente é feita pelos cartéis para potencializar e baratear as drogas, aumentando o lucro dos traficantes. Dessa forma, a maior parte de quem usa fentanil não sabe disso, o que contribui para o aumento de overdoses, já que o consumo de apenas 2 miligramas do produto pode ser fatal para um adulto médio. O baixo preço também é um dos fatores de popularização da droga: uma dose chega a custar menos de dois dólares, segundo estimativas.
Atualmente, a overdose é a principal causa de morte de americanos entre 18 e 45 anos. Os dados mais recentes mostram que a expectativa de vida no país teve a maior queda dos últimos 100 anos, sendo o uso excessivo de drogas um dos fatores que contribuíram para isso. Em 2021, os EUA registraram mais de 107 mil mortes por envenenamento decorrente do uso de drogas, sendo que, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), quase 70% delas foram causadas por opioides sintéticos como o fentanil.
O número é 15% maior que as mais de 93 mil pessoas mortas por overdose em 2020. Em 2019, haviam sido 71 mil registros, o que representa um crescimento de 30% em um ano. Duas décadas antes, em 1999, foram pouco mais de 8 mil mortes por overdose.