Por Gazeta do Povo
A retomada da ofensiva das facções criminosas já se tornou um problema de segurança nacional. Um dia depois de o presidente Lula falar em entrevista sobre seu desejo de se vingar de Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato, a Polícia Federal desarticulou um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para assassinar o ex-ministro da Justiça e sua família, bem como o promotor Lincoln Gakiya, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).
As razões para o ato ainda não foram devidamente esclarecidas pela imprensa, mas não é difícil compreender o que pode estar por trás da decisão da organização.
Gakyia é considerado um dos maiores investigadores da facção no país, figurando em operações que desarticularam várias fontes de financiamento do grupo e levaram muitos de seus integrantes para a cadeia.
Isso inclui o desmonte de redes de postos de gasolina, casas-cofre que serviam de depósito de dinheiro, armas e drogas, bem como a apreensão de toneladas de drogas.
Sergio Moro, por sua vez, esteve à frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública quando da decisão de transferir Marcos Willians Herbet Camacho, o Marcola, bem como outras lideranças criminosas, para presídios federais, quebrando uma situação de relativa estabilidade no sistema penitenciário paulista, governado por décadas pelo grupo político do hoje vice-presidente da República, Geraldo
Alckmin (PSB-SP). Também foi o ministro responsável pela portaria 157, que proibiu visitas íntimas nos presídios federais, onde atualmente se localizam os principais cabeças das facções criminosas. E pela implementação de mudanças importantes na Polícia Rodoviária Federal (PRF), que levaram a sucessivos recordes de apreensão de drogas durante o governo Bolsonaro.
A ocorrência da fala de Lula seguida da revelação do plano de assassinato demanda explicações da Presidência da República.