Paulo Polzonoff/Gazeta do Povo
Você já sabe, mas que fique registrado para a posteridade: antes de ser internado por problemas respiratórios, o Papa Francisco, 266º homem a assumir o Trono de São Pedro, deu uma entrevista na qual declarou que Lula foi condenado sem provas e que Dilma Rousseff tem “as mãos limpas”.
Não sei a quantas anda a higiene da ex-presidente, mas sobre a primeira afirmação agradeço ao Papa pela oportunidade de poder repetir que Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. E hoje está lá, todo pimpão, presidindo o Brasil.
Até onde consegui entender, a revolta e a ira nada santa se originam num equívoco: a de que a opinião do Papa sobre a prisão de Lula e a honestidade de Dilma Rousseff é de ouro.
É a verdade inquestionável. É, com efeito, um veredito maior do que o dado por Sergio Moro, TRF4 e STJ. É uma opinião que representa não só a absolvição dos petistas; é praticamente uma concordância com os métodos dessa política corrupta que nós, infelizmente, conhecemos bem.
Mas me esclarecem os mais versados nesses assuntos eclesiásticos que não é nada disso. A infalibilidade do Papa se aplica apenas a questões de fé e moral. No que diz respeito a assuntos mundanos – e nada mais mundano do que a política – o Papa Francisco é um homem comum, dado a conclusões equivocadas.
Só não convém presumir má-fé. É a ignorância a que todos estamos sujeitos, dependendo da nossa fonte de informação.