Por Bruna Komarchesqui/Gazeta do Povo
As recentes declarações do papa Francisco sobre Lula e Dilma, em uma entrevista à TV, expuseram uma verdade que em nada abala a Igreja Católica e os seus membros: o sumo pontífice erra, como qualquer outro homem.
Embora o dogma da infalibilidade papal esteja sendo evocado pela esquerda para tentar elevar à categoria de verdade absoluta a opinião de Francisco (de que Lula foi condenado sem provas e de que Dilma é “uma mulher de mãos limpas”, o papa não é infalível em assuntos políticos.
O que ele diz nessa seara, portanto, não tem caráter de “voz da Igreja” e não serve como diretriz para o povo católico.
Em 1870, o papa Pio IX instituiu o dogma da infalibilidade papal, na constituição dogmática Pastor Aeternus, fruto do Concílio Vaticano I. De acordo com o documento, o papa goza de infalibilidade “quando fala ex cathedra, isto é, quando exerce o seu supremo ofício de Pastor e Doutor de todos os cristãos”.
Para um pronunciamento ser infalível, portanto, o papa precisa falar sobre um ponto de fé e moral, destinar-se aos homens do mundo inteiro, em nome e com a autoridade dos apóstolos e com o propósito de vincular todos os membros da Igreja a acatar sua decisão.
Mestre em filosofia e colunista da Gazeta do Povo, o professor Francisco Razzo recorda que, para a fé católica, o papa é instituído pelo próprio Cristo e dele recebe uma graça para a condução da Igreja.
Por isso, quando determina algo “não fala como uma pessoa de CPF, mas como vigário de Cristo”. Daí advém o caráter imutável das definições papais em situações de ordem magisterial, “que dizem respeito à doutrina da Igreja, como, por exemplo, não permitir que mulher seja sacerdote.