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Daniel Ortega - O perseguidor de cristãos
Religião
Publicado em 09/04/2023

É difícil imaginar uma Semana Santa sem procissões na Nicarágua. Mas este ano as ruas permaneceram silenciosas no país da América Central.

O regime de Daniel Ortega proibiu as atividades religiosas públicas meses atrás "por razões de segurança": as festas dos santos padroeiros, as procissões e também a Via Crucis na Sexta-feira Santa só puderam ser realizadas dentro das igrejas e em recintos especiais.

"Grande parte da população é católica e muito devota. Por isso, essas procissões e festas têm um grande valor religioso, mas também cultural", explica Désirée Reder, pesquisadora do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga), sediado em Hamburgo.

As relações entre o governo de Daniel Ortega e a Igreja Católica vivem agora momentos de grande tensão, marcados pela expulsão e prisão de padres e pela proibição de atividades religiosas.

Os analistas costumam citar 2018 como o ponto de partida da deterioração dos laços entre o regime de Ortega e a Igreja.

Em abril de 2018, milhares de nicaraguenses foram às ruas para protestar contra as controversas reformas da previdência social.

O regime reagiu de forma brutal, mais de 300 pessoas morreram, incluindo uma estudante brasileira de medicina, e milhares ficaram feridas.

Naquela época, a Igreja Católica estava do lado dos manifestantes, dava abrigo aos perseguidos e fazia campanha publicamente por uma solução pacífica. Mais tarde, Ortega chamou padres, bispos e cardeais de "máfia".

Em entrevista à DW, uma colaboradora de uma organização de ajuda internacional que não quer ser identificada relata tentativas de intimidar organizações de ajuda eclesiásticas que não querem mais falar publicamente por medo de repressão contra parceiros e funcionários na Nicarágua.

Segundo ela, o regime de Ortega indicou explicitamente que as possibilidades de financiamento no país estariam ameaçadas se estas continuassem criticando a situação na Nicarágua em entrevistas.

Esta semana, a jornalista internacional Elisa Robson, publicou em suas redes sociais mais uma denúncia de arbitrariedade contra a igreja católica, cometida pelo coverno da Nicarágua:

"O regime do socialista Daniel Ortega prendeu o jornalista Víctor Ticay após a transmissão de uma procissão religiosa de Páscoa em suas redes sociais.

"A ausência do Estado de Direito e a arbitrariedade com que as autoridades se comportam aumentam a preocupação", declarou Pedro Vaca, relator especial para a liberdade de expressão na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA)

Os cristãos e a imprensa têm sido alvo constante das perseguições do regime comandado pelo ditador Ortega. O país tem uma população majoritariamente cristã/católica. Apesar disso, o governo tem intensificado ações estatais para proibir cultos ao ar livre."

Com informações do G1

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