Por Gabriele Bonat/Gazeta do Povo
Uma das causas pelas quais o ensino médio é um fracasso no Brasil é o baixo nível de conhecimento de muitos dos estudantes que chegam a essa etapa da educação básica.
A reforma do ensino médio, cujos prazos de implantação foram suspensos pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tenta dar uma saída para esses alunos que, pelo perfil e falta de conteúdo, tendem a abandonar a educação básica sem futuro profissional.
Grande parte dos alunos brasileiros entra no 1º ano do ensino médio com o conhecimento equivalente ao que seus colegas de outros países aprendem no 5º ou 6º ano do ensino fundamental.
Essa baixa qualidade do ensino fundamental brasileiro, apontada pelas avaliações nacionais, também é confirmada internacionalmente pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), coordenado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), que avalia as habilidades de leitura, matemática e ciências de estudantes de 15 anos de mais de 72 países e economias.
Em 2018, o Brasil ficou abaixo da média dos níveis alcançados em outros países nas três áreas. Em leitura, ficou em 57°lugar, com 413 pontos (a média foi de 487). Em matemática, na 70ª posição, com 384 pontos (a média de 489). Em ciências, em 64° lugar, com 404 pontos (a média de 489).
“No Brasil, convencionou-se ensinar nada, praticamente nada, até o 5° ano. Depois, muito pouco até o 9° ano; e tudo fica complexo no ensino médio”, lamenta Ilona Becskeházy, mestre e doutora em política educacional.
“Os alunos do ensino médio são muito imaturos intelectualmente, trazem pouco conteúdo. Em três anos, o ensino médio não consegue ensinar, porque o aluno é imaturo e não consegue entender. Então, o estudante sai do sistema, pois não entende o que está aprendendo”, complementa.