Por tudo o que ocorreu antes da eleição, a começar pela falta de lisura do próprio pleito, repleto de sentenças tendenciosas e desvios técnicos não apurados, era de se esperar que o atual governo fosse enfrentar crises muito intensas logo no começo.
Isso é o que costuma acontecer em um país com uma mínima tradição democrática, quando os agentes públicos corrompem ostensivamente os processos de escolha dos governantes; aquilo que não tem legitimidade acaba não se consolidando junto ao povo e às leis da natureza.
A revolta latente dos que se sentiram lesados durante o desenrolar do jogo democrático, provoca uma reação intensa e instantânea a qualquer pequeno desvio dos que ganharam o jogo de forma constestável.
Os vazamentos das imagens registradas no dia 8 de janeiro pelas câmeras de segurança do Palácio do Planalto e de informações sobre a operação da Polícia Federal que aponta uma suposta ligação dos advogados de Adélio Bispo - autor da facada contra Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha eleitoral de 2018 - à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) geraram grande repercussão no cenário político nacional. Os impactos foram imediatos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Um deles foi a queda do ministro Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), visto nas imagens oferecendo água aos manifestantes e indicando portas e escadas de saída de dentro do Palácio do Planalto.
Mas, com o vazamento das imagens, a pressão pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos do dia 8 de janeiro também foi redobrada.
A oposição organizou a obstrução dos trabalhos no Congresso Nacional e avisou que só retomará a condução com a instalação da CPMI.
Os fatos se desencadearam após um dia de aparente vitória do governo com a postergação da sessão conjunta do Congresso e a entrega do projeto do novo arcabouço fiscal.
Neste contexto, o governo se viu obrigado a ceder à abertura da CPMI, que deve ocorrer durante a próxima sessão do Congresso marcada para o dia 26 de abril.
Para complicar ainda mais a situação do atual governo, que parece realmente estar com os dias contados para terminar antes do prazo, as mudanças na diplomacia nacional, pendendo para o bloco liderado por China e Rússsia, causaram grande insatisfação entre americanos e europeus.
Tanto é assim ,que foi uma rede de TV americana , a CNN, que primeiro divulgou as imagens do 8 de janeiro que comprometem o governo.
Com a crise gemeralizada, ampliaram-se os coros pelo impeachment de Lula, proferidos por parlamentares na tribuna e nas redes sociais.
Como estratégia de defesa, já que está acuado, o governo tenta assumir o controle da CPMI, ocupando os cargos estratégicos na investigação, como presidência da mesa e relatoria, como fizeram na farsa da CPI do COVID.
O fato é que o Brasil tem uma ótima chance de expurgar um grupo nocivo aos interesses do país do poder, sem que ele ainda tenha causado grande estragos ao país, que é o resultado esperado se houver continuidade do governo.