Por Rodrigo Oliveira*
Não vivemos em uma sociedade do perdão, mas do “delete”.
O mundo virtual estimula o desprezo. Se você não gosta de alguém, pode simplesmente “apagá-lo”. É tudo muito fácil. Em um clique, a pessoa “desaparece”.
Zygmunt Bauman explica: “Com nossos perfis pessoais nas redes sociais, todos experimentamos antes de mais nada a ilusão do totalitarismo: somos livres para excluir os usuários, para eliminar os pedidos de ‘conexão’ só porque não conhecemos alguém pessoalmente”.
No mundo real, essa facilidade de sumir com o próximo não pode ser facilmente executada. Há limites éticos que se impõem entre o desejo e a realização.
Entretanto, esse limite entre o real e o virtual está se desfazendo. Com gerações cada vez mais viciadas em internet, o descolamento da realidade já pode ser presenciado com certa facilidade.
Crianças que passam o dia inteiro no celular sofrem de ansiedade; adolescentes que passam o dia inteiro jogando RPG têm problemas com relacionamentos; essas crianças e adolescentes que se tornam adultos vivem cheios de problemas na ordem da imaginação, dos desejos etc. – a pornografia é um grande exemplo disso, além da misantropia.
Essa onda de notícias e manifestos sobre massacres é somente a ponta de toda essa realidade caótica que vem se desenrolando há décadas.
*Prof.: PUC/MG
Autor: Ensaios sobre os deuses depressivos e Almas de Mármore
Curso Luz & Trevas