Por Rodrigo Oliveira*
O desenvolvimento técnico nos ofereceu maravilhas, mas tem nos apresentado também o inferno em alta resolução.
Se há algo que está se tornando cada vez mais claro, é que o avanço tecnológico não tem sido capaz de aprofundar o sentido existencial, apesar de ampliar a percepção da realidade.
Do TikTok ao Instagram, o excesso de imagens projetadas tem acelerado a mente a tal ponto de anestesiá-la.
Do Twitter aos sites de notícia, a intensidade dos relatos alimenta as nossas mais variadas compulsões por novidades, fazendo-nos receber migalhas de satisfações.
O cansaço nos deixa absortos em meio aos movimentos contínuos — rolar a tela para cima e ver mais de trinta vídeos em poucos minutos. É como se estivéssemos em transe.
Em alta resolução, assistimos aos mais variados vídeos: cômicos, trágicos, sádicos, amorosos, tristes, angustiantes. Somos impactados por diversas emoções em um instante.
O celular se tornou uma máquina de experiências que nos aproxima muito do que poderia ser, pelo menos em termos psíquicos, o inferno — o reino da ansiedade e do medo.
*Prof.: PUC/MG
Autor: Ensaios sobre os deuses depressivos e Almas de Mármore
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