Por Henrique Bredda
O problema é o governo? O problema são as escolas? A mídia? A violência? As drogas? O problema começa na família. E daí se espalha para todo o resto.
Houve um tempo onde filhos eram sinônimos de felicidade. Felicidade vem do latim 'felix', feliz. Feliz vem do verbo grego 'phyo', que significa 'produzir', que traz a conotação de 'fecundo', 'produtivo', 'fértil'. Felicidade é Fertilidade.
Hoje, para muitos, filhos não passam de meras despesas, um grande estorvo, uma fonte inesgotável de problemas. Para esses, filhos tiram suas capacidades de consumo. Mais filhos é igual a menos viagens, menos tempo pra Netflix, Miami, NY, restaurantes.
Muitos pais e mães, mais preocupados com os seus próprios corpos do que com as frutas diárias dos seus filhos e com as almas deles, mais preocupados com os seus próprios prazeres do que em ouvir as preocupações, medos e angústias de seus filhos, se veem com uma solução óbvia: jogam seus filhos na frente de telas e tablets alucinógenos quando estão em casa, ou os enfiam em todo e qualquer lugar onde seja possível despejá-los por horas seguidas sem se preocuparem, como escolas, clubes, e cursos e aulas de todo o tipo.
Tudo o que o mundo moderno atual te vende como prazer, é fortemente atrapalhado por um filho. Mais filhos é matematicamente menos poder de consumo pessoal para os pais. Logo, mesmo que a pessoa negue, está no osso dela a percepção de que filho não passa de despesas.
Essa percepção filosófica moderna de que filhos são uma deterioração da qualidade de vida, e não uma extraordinária continuidade do fluxo de vida que se iniciou centenas de anos atrás e que hoje está com você, o não reconhecimento de que a nossa existência se apoia em todas as pessoas que nos antecederam, que tiveram amor e coragem para permitir que a vida seguisse adiante, apesar de todos os desafios e dificuldades que enfrentaram, é uma grande fonte de problemas familiares.
Sem a plena compreensão do ato sagrado envolvido na constituição de uma família e na geração de filhos, tudo vira tão somente uma questão de boletos, mensalidades, dinheiro e despesas. Para essas pessoas, um filho custa muito e não vale nada. Eis aí a tão valorizada 'modernidade'.