Por Rodrigo Oliveira
No Almas de Mármore, livro a ser relançado em breve, deixo muito claro que a literatura e a educação física deveriam ser as áreas nucleares da formação humana, nas escolas. Em sala de aula, repito isso constantemente.
Essas áreas nos ensinam limites, autocompreensão e a saber lidar com o sofrimento. A literatura é a expressão total da natureza humana, já dizia Otto Maria Carpeaux; na educação física, a pessoa aprende a lidar com a dor – fazer exercício físico dói –, e isso a faz ter uma noção de limite (tanto em relação a si quanto ao outro, como acontece nos esportes coletivos).
É notório que estamos em um meio cultural extremamente precário. As escolas não formam, mas deformam as pessoas.
Adolescentes saem infantilizados, em termos emocionais e intelectuais, sem saber lidar com os seus próprios limites e os dos outros.
São pessoas incapazes de mudar sequer a si mesmas que desejam “transformar o mundo”.
Modificar o outro é sempre mais cômodo do que modificar a si mesmo; modificar um sistema será sempre mais fácil que modificar as próprias emoções, ter controle dos próprios vícios e reconhecer os próprios erros.
Antes de tentar mudar o “outro”, deveríamos aprender a lidar com os nossos próprios dilemas e limites.
No entanto, isso é pedir demais aos narcisos do século XXI, que se consideram como perfeitos e detentores de todos as soluções para a humanidade.
* Escritor
Professor de Filosofia
Autor: Ensaios sobre os deuses depressivos e Almas de Mármore