Por Rodrigo Oliveira
A hipevarlorização do corpo, a redução do espiritual à moral e da moral à decência são características que formam um certo padrão na ruína.
Essa decência é de um tipo baixo e superficial que faz a pessoa valorizar mais aquilo que aparenta ser do que realmente é.
É uma existência superficial que despreza a transcendência, que reduz Deus a regras sociais de etiqueta.
Esse tipo de atitude proporciona uma ação contrária que é identicamente mesquinha – a de fazer questão de se expor publicamente. É nessa mesquinhez que entra a pornificação da cultura.
Em uma sociedade do entretenimento e da busca por prazeres fáceis, a pornografia como marketing pessoal é consequência desse desejo de se expor e ter fama.
Segundo Byung-Chul Han, “hoje em dia, as coisas só começam a ter valor quando são vistas e expostas, quando chamam a atenção”.
Estamos na era da busca por atenção. Quem não se expor, será esquecido. Ainda hoje, nada causa mais impacto do que a exposição do corpo nu. Ele lida diretamente com a potência erótica, uma das mais fortes na natureza humana.
Nelson Rodrigues disse que toda a nossa tragédia começa quando separamos o sexo do amor. O sexo por sexo é pornografia, não amor.
Se hoje as pessoas buscam a satisfação no insatisfatório desejo sexual, é porque vivem em um frenesi de não conseguirem se satisfazer com absolutamente nada. O gozo da pornografia é breve e módico – com ele crescem as exigências, porém, a satisfação decresce.
Nelson afirmou que a nudez difusa, multiplicada, oferecida, matou todo o erotismo. Em breve, as pessoas não se satisfarão com os corpos nus que tomam conta das páginas de notícias. A pornificação causará, em vez de prazer, angústia.
A pornificação da cultura, portanto, é a expressão mais clara de uma sociedade permeada de pessoas que não têm mais nenhum tesão para viver.