Por Rodrigo Oliveira*
Sócrates não se colocava como parteiro por acaso. A verdade reside em todos nós – pode vir à luz ou ser abortada.
O filósofo da Ágora concebia a pedagogia como um processo obstétrico. O surgimento da verdade requer cuidados espirituais. Exige tempo, paciência e dedicação.
Quanto tempo precisamos para compreender coisas que antes ignorávamos completamente? Quanto tempo é necessário para alcançarmos uma compreensão mais profunda de certos dilemas existenciais?
Quanto tempo devemos investir para dar à luz conceitos e símbolos que iluminem a realidade?
Platão capturou esse espírito socrático e definiu a filosofia como dialética. Estamos em constante diálogo, seja com os outros, com a realidade ou com Deus.
As obras filosóficas não são apenas literatura. Como mencionei antes de ontem, a filosofia é terapêutica em seu grau mais elevado; ontem eu expliquei como a vida deixa de ser um fardo através de um esforço interno de organização; hoje afirmo que os textos filosóficos são abertos e sempre presentes, pois dialogam constantemente com nossas vidas para que busquemos a ordem.
A questão, portanto, é se desejamos ter um diálogo que nos conduza à verdade e à ordem, ou se preferimos permanecer aprisionados em uma caverna solitária, acreditando nas sombras projetadas em suas paredes.
*Escritor e professor de filosofia