O essencial é invisível aos olhos carnais

Comportamento

Publicado em 22/07/2023

Ontem, estava numa pracinha com a minha família. Pessoas iam e vinham, correndo, andando, alguns pais brincavam com os filhos, outros somente os observava.

Naquele instante, percebi, mais uma vez, o óbvio: o tempo escorre entre os dedos. O que somos no fluxo temporal? Imagens em movimento. Sombras.

Muito semelhante àquelas filmagens antigas em que assistimos às pessoas simplesmente passeando. Imagens fugidias.

Tudo flui, afirma Heráclito. Mas essa fluidez temporal nos remete a algo mais estável. O que sustenta toda esta realidade passageira? O que faz com que o Ser não se esvazie em mero movimento? O que faz com que a realidade não se desmanche em meio ao nada?

O Ser é imutável, defende Parmênides. Shakespeare resumiu esse problema no monólogo de Hamlet: “Ser ou não ser, eis a questão!”. Existimos ou deixamos de existir? Somos ou não somos?

A busca filosófica é um direcionamento para aquilo que é mais essencial. No entanto, como diz Saint-Exupéry, no Pequeno príncipe: “O essencial é invisível aos olhos”. Eu acrescentaria: invisível aos olhos carnais.

*Escritor(a)