Por Luiz Mário Moraes

Vejo muitas pessoas com medo dos possíveis efeitos da inteligência artificial, porém, existe algo muito mais assustador do que isso...

A falta de inteligência natural.

Lembro que um questionamento que trago comigo desde muito jovem é...

Como que a humanidade conseguiu fazer tamanho avanço tecnológico enquanto que, do ponto de vista ético, ainda nos comportamos de maneira similar (ou até mesmo pior) a dos nossos antepassados de dez mil anos atrás?

Nos preocupamos em dominar tecnologias. Com o passar do tempo, essas tecnologias tornaram-se mais acessíveis economicamente para grande parte das pessoas.

Tal acessibilidade poderia ser libertadora, afinal de contas, passamos a ter acesso a praticamente todo o conhecimento produzido pela humanidade na palma da nossa mão, porém, na prática...

Ao invés de dominarmos a tecnologia, passamos a ser dominados por ela.

Esse é o reflexo de um ser humano que está totalmente perdido e desconhece o seu lugar e a sua importância no mundo.

É o reflexo de uma geração carente de filosofia e de pensamento reflexivo.

De uma geração que não se reconhece ao se olhar no espelho, sem uma bússola moral que a dê um direcionamento básico para escolher, dentre uma infinidade de caminhos possíveis, aquele que pode trazer as respostas para as suas perguntas mais íntimas, pois trata-se de uma geração que não aprendeu a questionar e, portanto, não há respostas que a contemple.

A tecnologia é aquilo que os antigos estoicos chamavam de indiferentes, ou seja, ela não é boa e nem má. Para eles, a virtude é o único bem, e um ser humano que não pauta sua vida com base nas virtudes é incapaz de fazer bom uso de qualquer ferramenta.

Em um tempo anterior aos estoicos, um filósofo cínico chamado Diógenes de Sinope vagava pelas ruas de Atenas com uma lamparina acesa em plena luz do dia.

Quando lhe perguntavam porque ele estava com a lamparina acesa, ele respondia...

"Estou à procura de um homem, mas, até agora, não encontrei nenhum".

Se Diógenes vivesse o suficiente para fazer essa busca nos dias atuais, mais de dois mil anos após a sua existência, é bem provável que a sua decepção seria muito maior do que foi naquele tempo puramente analógico.