Por Rodrigo Oliveira*
Depois de um gozo arrebatador e ilusório do “sextou”, vem a angústia depressiva do domingo – pulemos o sábado, pois o sábado é uma ilusão.
A vida do homem contemporâneo, parafraseando Schopenhauer, é como um pêndulo que oscila entre a sexta e o domingo.
O tédio escorre feito baba depois de um banquete de fim de semana regado a analgésicos.
No entanto, a angústia permanece fazendo a mesma questão: “Quando sofrerei menos?”.
O sábado aponta para o domingo, que aponta para a sua vida masoquista de comparar o seu miserável emprego com o emprego do sonho do seu vizinho; o seu carro surrado com o importado do amigo; o seu salário mais ou menos com o daquele conhecido que passou no tão almejado concurso.
Na sexta, você fingirá que o seu subsolo não existe, para retornar a ele, humilhado e ofendido, em plena ressaca de domingo.
Pergunta sincera: Por que permanecer nesse inferno dos “analgésicos”?
Por que perder a vida nessa lamúria?
Por que fazer da vida esse vazio?
Por que fingir que tudo se resolve pelo esquecimento?
Por que valorizar tanto o remorso?
Professor de Filosofia
Livro: Ensaios sobre os deuses depressivos