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Tédio - O vazio de si mesmo
Comportamento
Publicado em 13/08/2023

Por Rodrigo Oliveira*

Depois de um gozo arrebatador e ilusório do “sextou”, vem a angústia depressiva do domingo – pulemos o sábado, pois o sábado é uma ilusão.

A vida do homem contemporâneo, parafraseando Schopenhauer, é como um pêndulo que oscila entre a sexta e o domingo.

O tédio escorre feito baba depois de um banquete de fim de semana regado a analgésicos.

No entanto, a angústia permanece fazendo a mesma questão: “Quando sofrerei menos?”.

O sábado aponta para o domingo, que aponta para a sua vida masoquista de comparar o seu miserável emprego com o emprego do sonho do seu vizinho; o seu carro surrado com o importado do amigo; o seu salário mais ou menos com o daquele conhecido que passou no tão almejado concurso.

Na sexta, você fingirá que o seu subsolo não existe, para retornar a ele, humilhado e ofendido, em plena ressaca de domingo.

Pergunta sincera: Por que permanecer nesse inferno dos “analgésicos”?

Por que perder a vida nessa lamúria?

Por que fazer da vida esse vazio?

Por que fingir que tudo se resolve pelo esquecimento?

Por que valorizar tanto o remorso?

*Escritor(a)

Professor de Filosofia
Livro: Ensaios sobre os deuses depressivos

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