Por Henrique Bredda
Amor não é contabilidade: o que recebo menos o que dou. Fosse assim, sempre que houvesse 'déficit', o amor acabaria.
Os matrimônios que vão à falência confundem o Sacramento com uma sociedade empresarial, com um negócio.
Se assim fosse, o matrimônio não seria celebrado em um altar, lugar de realização de sacrifícios.
Viver de acordo com a Lei Natural, seguindo aquilo que está no mais profundo script do ser humano, tem como consequencia a felicidade e a realização.
O problema ocorre quando se mira no efeito secundário ignorando o principal.
O pecado de gula, por exemplo, é querer obter o efeito secundário ao invés do principal.
Nos alimentamos para termos energia, nutrientes, vitaminas e saúde. Isso é o principal.
Fazendo isso de forma ordenada, é claro que a satisfação de se alimentar bem acontecerá.
Mas se a obtenção de prazer fosse o objetivo final, a pessoa almoçaria sorvete e jantaria chocolate.
É a desordenação que desvirtua o hábito e gera o vício.
A meta final do casamento não é que o outro te faça feliz. Não é a obtenção superavitária de prazer, numa conta fria de quanto eu recebo menos o que dou.
O matrimônio é o meio que Deus desenhou para nós, aqui nesse mundo, para que já comecemos a participar do plano divino, de santificação, que é a doação de si para o bem do outro.
É através dessa doação que desenvolvemos as grandes virtudes.
É óbvio que a consequência natural de um matrimônio ordenado leva à felicidade, pois "há mais alegria em dar do que receber".
Família é o ambiente onde o ser humano desenvolve suas virtudes.
São justamente as pessoas que Deus nos confiou para começarmos a praticar o amor ao próximo.
Ou seja, Deus nos deu a liberdade de escolhermos por quem iremos viver, por quem iremos nos sacrificar, nos doar, nos dedicar.
A família é a forma mais perfeita para darmos sentido para a nossa vida.
Uma família em ruínas destrói a seiva matrimonial que alimenta os filhos.
Quando ela se seca, abre-se uma fenda grave na vida dos filhos. Filhos desnutritos da seiva matrimonial buscarão alimento fora.
E o mundo está sempre pronto para dar, por um bom preço, aquilo que irá destruir em definitivo os filhos, sempre enlameado com muito prazer.