O Enem ideológico está de volta. O primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do terceiro mandato de Lula não surpreendeu: quem esperava uma prova ideologicamente carregada acertou em cheio.
O ataque grosseiro ao agronegócio tem sido o ponto mais destacado da primeira parte do exame, realizada neste domingo com os conteúdos de linguagens, ciências humanas e redação; mas outras escolhas de textos refletem perfeitamente a forma como o petismo quer que os jovens pensem, que atitudes eles devem aprovar ou repudiar, e que pensadores precisam ter como referência.
Manuel Palácios, presidente do Inep (o órgão do MEC que elabora e aplica o Enem), respondeu às críticas afirmando que “ninguém precisa concordar com o suporte do item, nem o item está perguntando se o estudante concorda. A questão quer saber se o estudante é capaz de compreender um determinado texto”.
O grau de cinismo impressiona; qualquer um sabe que, em um sistema educacional voltado para o bom resultado no Enem, os estudantes serão preparados para responder aquilo que o examinador quer.
É aí que a semente da ideologia será plantada; mesmo que professores e alunos discordem, todos sabem o que será preciso dizer para ter sucesso e quais são as opiniões “proibidas”, e isso deixa sua marca, independentemente do que pensem os alunos.
É por isso que o petismo transformou o Enem, que já não procura saber se o candidato está bem preparado intelectualmente, mas medir sua docilidade ideológica.
Estudantes estão sendo orientados a escrever redações citando autores e adotando perspectivas caras à esquerda para obter notas altas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
A tendência suscita controvérsias sobre a falta de objetividade do exame e a liberdade de pensamento dos alunos.
A orientação, em muitos casos, não parte de preferências ideológicas dos professores de redação, mas da intenção de melhorar o resultado dos alunos e da constatação de que determinadas cosmovisões tendem a agradar mais aos corretores da prova.
A alusão a certos autores é vista como atalho para uma boa nota.
Uma das estratégias sugeridas por professores é adotar o que se tem chamado de "repertório coringa": autores e citações que valem para praticamente qualquer situação e que dão bons resultados com os corretores da prova.
Entre as sugestões de repertório mais mencionadas estão ideólogos da esquerda radical como o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), a intelectual francesa Simone de Beauvoir (1908-1986) e a filósofa brasileira Djamila Ribeiro.
Foucault, que em 1977 assinou uma carta pedindo a legalização do sexo entre crianças e adultos, é um dos autores mais recomendados como "repertório coringa" para o Enem.
Esta última, aliás, virou figura frequente entre as recomendações de repertório coringa, especialmente por causa de seu livro "Pequeno Manual Antirracista" (2019).
Em comentários de professores populares nas redes sobre a redação deste ano – cujo tema era "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil" –, uma citação a Djamila, acadêmica e feminista radical brasileira, foi tratada praticamente como resposta certa para atender à demanda do Enem de apresentar argumentos "com repertório sociocultural"
O presidente do INEP, Manuel Palácios, compareceu à Câmara dos Deputados, na Comissão de Educação, para falar sobre o ENEM e as questões do exame, principalmente as que envolvem o agronegócio.
O deputado Gustavo Gayer (PL-GO), em uma das suas falas, disse que puniria a sua filha caso ela recebesse uma nota alta no exame deste ano.
Fonte: Gazeta do Povo