Depois de sofrer pressão de sindicatos e grupos como CNTE e UNE pedindo a revogação do novo ensino médio, o governo Lula, por meio do Ministério da Educação, apresentou ao Congresso Nacional um projeto de lei com alterações do modelo que está em fase experimental desde 2020.
As mudanças propostas vão na direção contrária às políticas internacionais de educação com bons resultados, mas favorecem as demandas dos sindicalistas.
O projeto de lei apresentado pelo ministro Camilo Santana praticamente volta à distribuição e carga horária de matérias de formação básica que existiam antes da reforma.
Esse conjunto de disciplinas, chamado pejorativamente de “currículo enciclopédico”, por tratar de forma superficial de vários assuntos, havia sido substituído na reforma pela possibilidade de o aluno optar pela educação técnica ou por aprofundar em áreas específicas do conhecimento.
A reforma tinha por objetivo melhorar a qualidade das disciplinas, evitar a evasão dos alunos com conteúdos direcionados à sua área de interesse e, ao mesmo tempo, facilitar a oferta da educação técnica.
Para os sindicatos, esse modelo prejudica professores, já que a oferta de disciplinas dependeria mais da escolha dos alunos.
Com o retorno ao “currículo enciclopédico”, todas as disciplinas com poucas horas cada uma, os professores também serão menos exigidos em expandir a sua formação e qualidade. Com a reforma, eles teriam de ser capazes, como ocorre em outros países, de aplicar os conhecimentos em projetos interdisciplinares, envolvendo várias áreas em um mesmo conteúdo.
“Política educacional deveria prestar atenção na aprendizagem dos jovens, no caso do ensino médio, e não em uma disputazinha de carga horária de professor”, afirma Claudia Costin, especialista em educação e presidente do Instituto Singularidades.
Fonte: Gazeta do Povo