Na tarde de 10 de janeiro, o escritório dos peritos Reginaldo Tirotti e Jacqueline Tirotti recebeu um telefonema que chamou atenção dos funcionários.
Do outro lado da linha, o vereador paulistano Rubinho Nunes (União) solicita uma perícia de quatro vídeos. Nas cenas, um idoso se masturba para um adolescente, enquanto ambos interagem em videochamada no WhatsApp.
O maior de idade é o padre Júlio Lancellotti, e o menor chama-se Matheus Rocha Nunes, que tinha 16 anos na época da gravação, em 2019.
O que assusta nese caso, até agora, são as muitas vozes, principalmente da esquerda e da ala chamada progressita da sociedade, que se levantaram para defender o padre, mesmo com todas as evidências da prática de pedofilia.
O ministro Alexandre de Moraes, comentaristas da imprensa esquerdistas e até gente de dentro da própria igreja, manifestaram solidariedade e confiança em Júlio Lancellotti.
O mais estranho é que, mesmo afrmando que as provas contra o padre foram forjadas, eles não manifestam ineresse algum em levar o caso para polícia para esclarecer e punir os responsáveis pela suposta fraude.
A igreja mantém um silêncio sepulcral sobre o assunto depois da divulgação do último laudo que comprova a veracidade dos vídeos.
Os que não tentam de todas as formas blindar o padre, agem como se estivessem dando tempo ao tempo para a poeira baixar e para tudo ser esquecido na esteira de novos escândalos.
Talvez porque esse padre degenerado sendo execrado em praça pública pelos seus atos de depravação, seja um contexto interessante de se manter, para quem quer abalar a confiança no papel condutor e civilizatório tradicionalmente ligado à igreja católica.
Em linguagem simbólica, poderíamos dizer que não há nada mais vantajoso para o capeta, do que a fama de um padre pedófilo.
Quanto à veracidade das provas apresentadas contra o padre, os que o defendem publicamente preferem contestar de longe, sem ir muito fundo no assunto, pois sabem que podem ter que dar de cara com uma realidade que contraria suas narrativas.
Ao longo de 81 páginas, os peritos analisaram o estado de conservação dos arquivos, observaram os frames dos vídeos, realizaram os exames prosopográficos (técnica que identifica as características faciais e do ambiente), inspecionaram os áudios e comprovaram sua integridade.
Com acesso exclusivo ao documento, Oeste publicou uma série de reportagens sobre o assunto. Ainda disponibilizou a perícia completa, para reforçar o compromisso com os leitores. Agora, entrevista os peritos responsáveis pela análise dos vídeos:
Quais ferramentas sua equipe utilizou para atestar a veracidade dos vídeos?
- "Demonstramos todos os softwares utilizados. O FotoForensics, por exemplo, é usado pela Polícia Federal. O ExifMeta também. ImageForensic? A mesma coisa. Chegamos a tal conclusão de forma científica. Acompanhamos frame a frame, todas as imagens. Analisa eventuais montagens, e concluímos que não houve nenhuma. Seguimos estritamente o protocolo. Temos pós-graduação nesta área. Aprendemos com a Polícia Federal (PF), não com qualquer um. Antigamente, esse processo ocorria com fotografia. Hoje, há diversos programas para realizar o trabalho de análise. Não há perseguição contra ninguém. Isso não é um jogo. Presto serviços para tribunais de Justiça, para advogados. É meu dia a dia. Aqui é trabalho. Preciso colocar feijão dentro de casa. Não é brincadeira. Infelizmente, a análise do vídeo do padre Júlio Lancellotti deu positiva. Os cidadãos podem buscar peritos competentes e atestar a veracidade. É a técnica que importa."
O perito forense Reginaldo Tirotti, que atestou a veracidade dos vídeos que mostram o padre Júlio Lancellotti se masturbando para um menor de idade, é conhecido pela imprensa brasileira há anos.
Em outras ocasiões, foi contratado pela Folha de S.Paulo e pela Veja para realizar análises semelhantes.
Em agosto de 2016, por exemplo, Tirotti colaborou com o jornal em um caso que envolvia o então deputado Celso Russomano. O parlamentar era acusado de utilizar uma servidora da Câmara, Sandra de Jesus, como funcionária de sua produtora. Na ocasião, o perito analisou assinaturas da servidora e comprovou as irregularidades.
A Folha voltou a solicitar os serviços de Tirotti no mesmo mês. Na ocasião, o jornal queria saber se uma suposta troca de mensagens entre o senador Magno Malta e o presidente da fabricante de móveis Itatiaia, Victor Penna Costa, era verdadeira. O diálogo traria indícios de que o parlamentar recebeu R$ 100 mil não declarados. No fim, o especialista atestou a autenticidade das mensagens.
Em 2022, Tirotti recebeu um telefonema da Veja. Na época, a revista buscava confirmar a integridade de 23 cartas escritas por Adélio Bispo, ex-militante de esquerda que em 2018 tentou assassinar o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PL). O perito constatou a veracidade das cartas, escritas à mão em 2021, na Penitenciária Federal de Brasília.
Com infomações da Revista Oeste