Por Edvaldo Paulo de Araújo
Há alguns dias, ao me deslocar para o meu trabalho, liguei o rádio, e uma linda canção me emocionou enormemente. Ao analisar minha vida, minha idade, veio-me o pensamento que estava vivendo meus últimos anos aqui na Terra, claro ao fazer uma análise do meu quadro geral de vida, sem incluir as surpresas que elas pertencem ao meu livre arbítrio e a Deus.
A canção de Daniel se chama “Pra ser feliz” que muito chamou a minha atenção, me fazendo chorar quando pensei em Minha família.
Pra ser feliz
Do que é que o ser humano necessita?
O que é que faz a vida ser bonita?
A resposta, onde é que está escrita?
Pra ser feliz
O quanto de dinheiro eu preciso?
Como é que se conquista o paraíso?
Quanto custa
Pro verdadeiro sorriso
Brotar do coração?
Os meus últimos anos de vida terrena estão a minha frente; quero vivê-los com leveza, com serviços ao próximo, como sempre vivi, estar perto dos meus amigos em dificuldades principalmente de saúde. Quero estar mais perto do oceano, das florestas, visitar cidades que tanto admiro, viver mais a minha Itália tão amada por mim.
Meus olhos encheram de lágrimas, quando pensei na minha partida, e lá nosso Deus me enviasse para uma de suas casas e eu não pudesse vir abraçar, beijar, afagar e estar perto de meus netos. O que seria de mim, Pai? Nem consigo pensar, quando me lembro de cada um deles, cada jeito individual, cada beijo, cada palavra de amor, cada dizer que te amo, vovô. Nem consigo imaginar os momentos que tive com cada um individualmente que para sempre ficarão no meu velho coração. Sei que a justiça de Deus é perfeita; sei que ele dará um jeito para matar a minha dolorosa saudade! Mais dolorosas serão a saudade e falta da minha esposa querida, dos meus filhos, dos meus amigos... Por isso meus anos vindouros tenho que vivê-los perto deles; tenho que estar mais livre, servir e vivenciar ainda mais a oração de São Francisco de Assis.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa , que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
Onde houver dúvida, que eu leve a fé,
Onde houver erro, que eu leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado;
compreender que ser compreendido, amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se nasce para a vida eterna…
Ter a consciência da sua finitude sem tristeza, mas apenas com agradecimentos ao Criador, pois ele colocou, em nosso íntimo, a eternidade. Veja, num velório, muitos com a mais absoluta falta de respeito, conta piadas, conversam assuntos triviais, negócios, e não imaginam que um dia eles estarão naquela posição. Sim, Deus colocou no seu íntimo a alegria da eternidade, mesmo fisicamente não sendo, não pensamos, pois é o nosso espirito que é eterno e nos comportamos, muitas vezes, como se fosse o nosso corpo físico.
Nos afligem as prisões que criamos! Negócios, pois precisamos ter o com que nos mantermos, conservar o que criou, muitas vezes pensando na sua família, sempre protegendo-os e se esquecendo de que cada um terá a sua história e suas conquistas. Pessoas que amamos que muitas vezes nos aprisionam no emocional e na afetividade, mas temos que ter em mente que somos sozinhos na mais absoluta realidade. Todos têm sua própria carga e você sempre, sempre não é prioridade de ninguém, a vida, o viver é só você e Deus.
Meus anos vindouros dependem de mim, das minhas atitudes, da minha inteligência emocional e das minhas preces. Estou a vivê-los com calma, em orações sempre buscando luz, tomando as decisões com cuidados, escolhendo cada passo, cada instante, cada momento, alegre com cada dia com as dezenas diárias de bênçãos. Agradecendo sempre a todos que contribuem para o meu viver, orando por aqueles que contribuíram de alguma forma pelo alimento em minha mesa, pelos sorrisos e pessoas em minha volta. Imitando e copiando diuturnamente os grandes mestres com suas luzes e sabedoria e o infinitamente superior que é meu Mestre Jesus.
A vida é bela aqui na Terra! É bela quando se tem um olhar de compaixão, de amor, de compreensão e de verdadeiras escolhas. Quando caminha reto construindo ao seu redor com justiça e discernimento, sempre em benefício do ser humano, nosso irmão, sempre fazendo as escolhas da felicidade íntima. Entendendo que momentos maravilhosos são únicos como a água que passa no rio naquele momento; devem ser vividos intensamente.
Não são absolutamente necessários para ser feliz passeios a Roma, Paris, Nova York, que são bons, mas contentar com a beleza do mar e seus banhos, amar um pôr do sol e seu crepúsculo numa bela tarde de verão, apreciar ao redor de uma fogueira uma bela noite de inverno, apreciar um canto lindo de um sabiá laranjeira numa frondosa árvore.
O grande objetivo dos pensadores, espíritas ou não espíritas, é apresentar uma compreensão que leve o ser humano a entender “(...) a arte de viver em paz, situando-nos nos níveis mais elevados, vencendo, assim, as pulsões para a violência, o orgulho, o egoísmo e a crueldade”.
O sábio filosofo indiano, Jiddu Krishnamurti, diz:” A verdade está dentro de nós, pode e deve ser descoberta por todos, mas sozinhos. Nenhum livro ou autoridade pode ajudar-nos a encontrá-la; mas, uma consciência desperta, concentrada naquilo que somos e fazemos, pode trazer a verdade à tona”.
Todavia, este caminho de autoconhecimento, fazendo-nos encontrar a paz escondida em nosso interior, não é nada trivial. “Se quisermos aprender como viver em paz, devemos agir do mesmo modo que agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, seja a música, a pintura.” Ou seja, é preciso muita disciplina, que nos faz primeiro conquistar o domínio da teoria para depois alcançar o domínio da prática, de acordo com a teoria do psiquiatra Erich Fromm.
Viver é uma honra e uma graça do Criador!! Viva com a obrigação de ser feliz!