Por Rodrigo Oliveira
A era do vazio é a era da paixão pelo nada e pela exaltação à indiferença.
«O vazio do sentido, a derrocada dos ideais não levaram, como se poderia esperar, a mais angústia, a mais absurdo, a mais pessimismo», explica Lipovetsky.
A nossa era não religiosa ou trágica, mas indiferente.
O indivíduo indiferente, sem aspirações e apático, está aberto a qualquer coisa, desde que não seja um imperativo.
Essa é a essência do “homem cool”, cujo único desejo é ter experiências como maratonar séries, fazer compras online ou em lojas físicas, viajar para lugares incomuns, praticar esportes radicais e ter constantemente novos relacionamentos.
A solidão poética ainda considerava o outro como um contraditório. A sua solidão individualista é a do mais puro ensimesmamento, exigindo práticas infindáveis terapias, iogas, dinâmicas de grupo etc.
A era do vazio é caracterizada pela insatisfação que nunca será preenchida com um sentido duradouro, mas sim com autoajuda, soluções fáceis de coaches, remédios e terapias que prometem aliviar as mais diversas tensões diárias.
O excesso de entretenimento superficial, como vídeos engraçados, de comida ou de animais de estimação, são sintomas desse mesmo problema: o desejo por distrações contínuas ao longo da vida.
O indivíduo indiferente busca prazeres pequenos e leves, evitando confrontos com a religião, com o próximo ou com os aspectos mais sombrios da existência.