Aumento salarial, reestruturação da carreira e condições precárias de trabalho são os motivos que levam professores universitários a entrar em mais uma greve, prevista para o dia 15 de abril. Nos bastidores, parte dos docentes, apoiadores do governo Lula, foi contrária à paralisação para evitar mais danos à imagem do presidente.
Para os professores universitários ouvidos pela reportagem, há outros problemas mais urgentes que mereceriam a atenção da categoria, como a qualidade de ensino e a baixa taxa de sucesso dos cursos (quantidade de alunos que conseguem se formar).
Segundo o professor da Universidade de Sergipe Rodorval Ramalho, as rodadas de assembleia nas universidades federais mostraram o movimento dividido entre apoiadores do PT e do PSOL.
Segundo ele, a maioria dos petistas votou contra a paralisação para não desgastar ainda mais a imagem do presidente Lula. “Os psolistas, por seu lado, querendo ampliar a sua influência na categoria e com a sua visão limitada sobre os problemas estruturais das universidades, defenderam em todas as assembleias a deflagração da greve”, complementa.
“A falta de avanço nas tentativas de negociação com o governo sobre as pautas centrais da categoria – recomposição salarial, reestruturação da carreira, ‘revogaço’ de medidas que atacam docentes e a educação pública [...], além da precarização das condições de trabalho levaram à deliberação pela deflagração do movimento paredista”, indica o site do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN). Até dia 15 de abril, estão sendo organizadas assembleias locais para confirmar a adesão à greve.
“É muito claro que os sindicatos possuem espaço no governo e, por isso, de certa forma, se sentem parte do governo. Isso faz com que eles tendam a não adotar uma posição mais radical, o que pode dar abertura para a greve se encerrar em uma contraproposta”, avalia Wiliam Cunha, professor da Universidade de Brasília.