Por Rodrigo Oliveira
Um dos fenômenos típicos da pós-modernidade é o narcisismo coletivo.
A diluição do outro como um ponto de contradição fez com que a centralização do «eu» refletisse em grupos que se fecham numa espécie de salão de espelhos.
Dentro da bolha tribalista todos se tornam iguais a mim. Ninguém diz uma só palavra para me contrariar; ninguém tem um único comportamento diferente do esperado; ninguém me coloca em conflito.
Nelson Rodrigues já dizia que a unanimidade é burra. Ele jamais imaginou que essa unanimidade se espelharia em micropúblicos que têm uma convivência padronizada e uníssona nas suas posições político-ideológicas ou cosmovisões.
Como explica Lipovetsky, dentro desses coletivos de narcisistas «os indivíduos reúnem-se porque são semelhantes, porque se encontram diretamente sensibilizados pelos mesmos objetivos existenciais.
O narcisismo não se caracteriza apenas pela auto-absorção hedonista, mas também pela necessidade de grupos de seres ‘idênticos’».
E todos são idênticos, não aceitando absolutamente nenhum tipo de visão que o contrarie.
O narcisista é uma criança que se afirma como o centro do mundo; o narcisismo coletivo é uma criança que inventou um universo para chamar de seu.