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Tempo de dentro, tempo de fora
Comportamento
Publicado em 19/04/2024

Por Edvaldo Paulo de Araújo

Domenico de Masi ficou conhecido no Brasil especialmente por seu livro “O ócio criativo”, mas é autor de outros já traduzidos para o português. 

Alguns deles são: “Desenvolvimento Sem Trabalho”, “A Emoção e a Regra” e “O Futuro do Trabalho”. 

Falecido em 09 de setembro e 2023. Consultor de grandes grupos econômicos o Dr.Domenico Dimasi, sociólogo italiano, a partir do momento em que cunhou o conceito de 'ócio criativo', mudou a forma de a sociedade enxergar a relação com a produção do trabalho. 

Dimasi dizia que o ócio criativo é o resultado de três ações: trabalho, estudo e lazer. Ou seja, não se trata de abandonar tarefas produtivas ou abraçar a procrastinação, mas equilibrar criação de riqueza, acúmulo de conhecimento e produção de alegria.

Na teoria do sociólogo, o ócio não significa 'não fazer nada', mas representa a necessidade de tempo dedicado a aspectos culturais, relacionais e de entretenimento, seja consumindo ou produzindo conteúdo. 

Segundo ele, o tempo livre se faz necessário para estimular a criatividade, o que também aprimora a relação entre a sociedade.

Ao analisar países por características comportamentais e culturais, Dimasi percebeu que aqueles com raízes católicas costumam replicar a cultura de “trabalhar mais é melhor”. 

O sociólogo dizia que gerentes de países católicos como os Estados Unidos, Brasil, Espanha e Itália acreditam na obrigação de ficar até mais tarde no trabalho, como uma espécie de penitência necessária para aquele que tem o privilégio do trabalho.

No entanto, diante dos métodos de gestão dominantes serem norte-americanos, isso também acaba se tornando verdade para países não católicos, como a Coréia, a China e a Índia

Há um relato de quando ele fazia um planejamento em um grande grupo nos Estados Unidos. Na entrevista de um diretor importante na hierarquia do grupo, verificou que o mesmo chegava muito cedo, não levando os filhos na escola. Saia muito tarde, impossibilitando fazer a principal refeição dos americanos que é jantar com a família. 

Determinou que o mesmo chegasse as 09:00 horas e saísse pra casa as 17:00 horas, dando oportunidade a esse diretor de melhor convivência com a família, com a frase, que ele era pago pra pensar e não se desgastar tanto com trabalhos, que os subalternos poderia executa-los nos seus horários de trabalho normal.

Muitas vezes, temos a impressão de que os dias se passam cada vez mais céleres. Já passou pela sensação de Natais cada vez mais próximos uns dos outros, ou de semanas que passam tão corridas, que nem notamos os dias que escoam?

Esses são dias de pressa, de correria, de intensidade. São dias onde as necessidades, deveres e compromissos se avolumam, e dias, noites, semanas são ocupados intensamente e já não vemos o tempo passar.

Já não mais nos debruçamos na janela da vida, para ver a vida passar. Não há tempo, com tão pouco tempo, para ver a vida. Só nos sobra tempo para vive-la.

Com a mente constantemente ocupada, o pensamento está sempre no próximo compromisso, no dever seguinte, no compromisso que se aproxima. Passa-se a viver o tempo dos nossos compromissos, o tempo da agenda cheia de datas, o tempo de fora.

E o nosso tempo de dentro? O tempo de nossos sentimentos, do nosso corpo, das necessidades internas, será ele o mesmo tempo de fora? Ao nos atrelarmos a tanto e a tudo, os olhos, mente e preocupações ficam com as coisas de fora e esquecemos das coisas de dentro. O tempo que nos impusemos para viver, não é o tempo do nosso organismo e de nossas emoções.

Quantas vezes as refeições são engolidas ao atropelo, quando não esquecidas, prejudicando o aparelho digestivo? E a mente exigida intensamente, o controle emocional sob pressão constante, os sentimentos sempre em desafio não encontram espaço para serem cuidados.

Vivemos como se tivéssemos somente um mundo externo a cuidar, sem preocupações com o corpo, descomprometidos com a alma. Como resultado, doenças que se instalam precoces, níveis de stress ou fobias se instalam em nós, sinalizando que algo está errado.

É verdade que a vida é feita de desafios, e que devemos cumprir nossas obrigações profissionais, buscar melhorar nossa condição de vida, dar conta dos compromissos assumidos. 

Mas nada disso nos impede de vivermos como alguém que não esqueceu que tem alma, e que o corpo é somente veículo de que essa se utiliza, buscando aprendizado. Desta forma, não se deixe envolver tão intensamente pelas coisas do mundo, já que ele é passageiro, e de eterno, somente sua alma. 

Coloque na sua agenda também o seu tempo de oração, os momentos de meditação, as horas de reflexão tão necessárias para a vida de dentro. dê a si mesmo a oportunidade de almoçar com prazer de sentir o gosto da comida, de desfrutar da companhia de quem compartilha a mesa, de respeitar  tempo de dentro. 

Mesmo que a vida nos exija muito, e o tempo fique exíguo, as coisas de dentro terão sempre tanta importância quanto as coisas de fora. Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. 

É necessário que adquira um sentimento, senso prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto.” Albert Einstein.

 

 

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