Em uma democracia saudável, os representantes da corte máxima do poder judiciário costumam manter o rito do cargo, se conservando sempre em uma posição discreta prante a midia e o público, e evitando contatos promíscuos e inoportunos, principalmente com os investigados.
No Brasil, no entanto, a postura de muitos ministros do STF tem sido justamente a oposta. Eles não só dão entrevistas antecipando resultados de julgamentos, como chegam ao extremo de revelarem posicionamentos políticos pessoais, como a inesquecível declaração em que o ministro Barroso declarou que ajudou a derrotar o bolsonarismo.
Outra postura indiscreta dos magistrados brasileiros, fica por conta da participação frequente deles em eventos financiados por empresas privadas, muitas delas respondendo a processos no tribunal.
A multinacional da indústria do tabaco, British American Tobacco (BAT) Brasil, antiga Souza Cruz, envolvida em processos no Supremo Tribunal Federal (STF), foi uma das patrocinadoras do 1º Fórum Jurídico: Brasil de Ideias, que reuniu ministros da Corte e autoridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre outros participantes, em Londres.
O encontro ocorreu entre os dias 23 e 26 de abril no luxuoso hotel The Peninsula e contou com a presença dos ministros do STF Dias Toffolli (relator do processo que interessa à BAT), Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Os magistrados não se pronunciaram sobre o assunto quando contatados.
Por meio de nota, a BAT destacou que o evento "é um importante fórum de discussões sobre os desafios de investimentos no Brasil, especialmente no que se refere à segurança jurídica e à concorrência leal”.
Fonte: Revista Oeste