Por Rodrigo Oliveira
Søren Kierkegaard afirmava que o núcleo da angústia humana é a possibilidade.
A imaginação é uma artesã da possiblidade. Ela modela os nossos conflitos internos, nos amedronta com as mais variáveis perspectivas de sofrimento, revive tormentos do passado, projeta medos inexistentes, mas possíveis de acontecer.
Quem, ao se deparar com a traição ou a guerra, a miséria ou a doença, a desesperança ou a depressão, não se pergunta: “E se fosse comigo? O que eu faria?”.
Enquanto a pergunta é somente uma pergunta, ela ainda se encontra sob as rédeas da razão.
E quando a pergunta se transforma em suspeita? Eis a imaginação em processo…
No mesmo instante em que alguém suspeita de algo, ou transforma uma possibilidade em realidade concreta, aquele “e se…” faz vir à tona diversos pesadelos.
Aliás, para Kierkegaard, o problema da vida é esse “e se…”.
Pascal percebeu tudo isso e postulou que não é bom ao ser humano ser livre demais.