Por Rodrigo Oliveira

No sentido mais geral, a definição de nação refere-se a um grupo de pessoas que compartilham uma identidade cultural, histórica, linguística e uma política que visa um bem comum.

Nós, brasileiros, somos uma nação? A fragmentação é um fenômeno atual. De todos os lados, presenciamos agressões, xingamentos e narrativas que disputam suas próprias «verdades».

Parece que vivemos em bolhas que se distanciam cada vez mais da realidade. Não temos um símbolo que nos oriente, não temos uma luta que nos una, não temos uma vontade que nos vivifique.

A última semana é somente o efeito do eterno carnaval que nos movimenta. De um lado, pulamos em shows; de outro, pessoas morrem e perdem seus bens.

E isso não é de agora.

Enquanto alguns se divertem, outros sofrem perdas irreparáveis. Essa dinâmica que tem se naturalizado no Brasil: após os crimes da Vale em Brumadinho e Mariana, continuamos nossa rotina como se nada tivesse acontecido, esquecendo-nos rapidamente do sofrimento das comunidades afetadas.

Poderia continuar citando crimes e tragédias recentes: Boate Kiss, Petrópolis, Yanomamis etc.

Infelizmente, essa insensibilidade narcisística parece ser uma característica essencial da nossa época, na qual experiências se perdem tão rapidamente quanto surgem. O que também é típico da nossa época é a sensibilidade política: muitos só se comovem se os eventos reforçarem suas posições ideológicas.

Para mim, é fato que não somos uma nação, assim como tem se tornado cada vez mais real a nossa insensibilidade.

Quando citei o tal show da Madonna, não foi para relacionar o show com a tragédia do Sul — o que, por óbvio, não tem nada a ver —, mas para demonstrar que não há nenhuma atitude veemente que sirva de exemplo. Ou Bourdieu com a sua teoria do poder simbólico deve ser ignorado?