Por Henrique Bredda
"É mais fácil encontrar homens que se voluntariam para morrer do que encontrar aqueles que estão dispostos a suportar a dor com paciência." – Júlio César.
A paciência não é uma simples virtude do cotidiano, uma mera espera, mas uma fortaleza espiritual e intelectual que se sustenta no amor. Não existe paciência onde não existe amor.
Para Aristóteles, a paciência é uma moderação entre a irascibilidade e a passividade excessiva. A virtude da paciência se manifesta ao enfrentar situações adversas com firmeza e sem se deixar levar pela ira ou pela resignação. É o equilíbrio entre excessos e deficiências, moderando nossa resposta ao sofrimento e à espera.
Santo Agostinho vê a paciência não apenas como uma virtude moral, mas como um caminho para entender e aceitar a ordem divina. Em suas "Confissões", ele discute a paciência como uma aceitação da temporalidade humana frente à eternidade divina.
A paciência se apoia, portanto, na fé e no amor: fé na providência divina e amor por aquilo que ainda não se manifestou. Sofrer com alegria — um dos aspectos da paciência — só é possível quando o sofrimento é visto como parte do plano divino para a salvação da alma.
São Tomás de Aquino considera a paciência uma subvirtude da fortaleza. Em sua "Suma Teológica", Aquino afirma que a paciência é necessária para enfrentar as adversidades sem desviar do bem maior em vista. A paciência é um reflexo do amor: o amor por um bem futuro e maior que nos motiva a perseverar apesar das dificuldades presentes.
A paciência, fortalecida pelo amor, também é uma manifestação de esperança e fé. Esperança por aquilo que ainda não veio. Fé como uma firme confiança do que virá. E amor sacrificial, pois o sofrimento tem uma razão de ser.
Quando Fernando Pessoa escreve que "tudo vale a pena quando a alma não é pequena", fica claro que a essência da paciência se fundamenta na grandiosidade de alma; um reconhecimento de que o amor por aquilo que ainda não aconteceu é o verdadeiro combustível para a perseverança humana e espiritual.
Como nos ensina Santa Teresa de Ávila, "Que nada te perturbe, que nada te amedronte, tudo passa. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem nada lhe falta, só Deus basta."