O Canadá começou a colher os frutos da maconha recreativa, descriminalizada no país em 2018.
Um estudo de pesquisadores afiliados a três instituições de Ottawa publicado em setembro de 2023 descobriu que, nos últimos 13 anos, o atendimento de emergência por acidentes de trânsito relacionados a motoristas sob o efeito da erva aumentou 473%, além de serem mais graves, levando a um tempo maior de internação.
O aumento dos atendimentos entre a legalização e a abertura completa da comercialização da droga foi de 223%. O estudo foi publicado na revista JAMA Network Open, da Associação Médica Americana.
O aumento observado após a legalização do uso recreativo também foi associado à pandemia de Covid, porém, diferentemente da doença, os efeitos psicoativos da Cannabis têm mecanismos muito plausíveis pelos quais prejudicam a atenção ao volante.
Outros estudos já indicavam que o uso aumentava o risco de colisões de veículos automotivos, e o Canadá já implementou um limite legal de tetrahidrocanabinol (THC), o princípio psicoativo da planta, no sangue dos condutores.
O mercado demorou alguns anos para se adaptar à nova realidade, por isso os efeitos negativos da maconha no trânsito não haviam sido descritos com clareza antes do estudo.
No começo, o governo canadense permitia apenas a venda de flor de maconha desidratada em pouquíssimos estabelecimentos.
A partir de 2020, os limites ao número de lojas foram removidos e a variedade de produtos explodiu com equipamentos de vaporização, produtos comestíveis e extratos concentrados. Entre 2019 e 2021, as vendas cresceram quatro vezes e o número de lojas, 47 vezes.
Como a pandemia reduziu a circulação de veículos, o número de acidentes poderia ter sido ainda maior.
Fonte: Gazeta do Povo