Por Deltan Dalagnol/Gazeta do Povo
Na última terça-feira (2), durante uma entrevista a uma rádio de Salvador (BA), Lula soltou a seguinte pérola: “Eu acho que temos que fazer uma diferenciação. Você tem carne chique, de qualidade, que o cara que consome pode pagar um impostozinho. E você tem a carne que o povo consome. Frango, por exemplo, não precisa ter imposto. Faz parte do dia a dia do brasileiro. Então, uma carne, um músculo, um coxão mole, um acém, sabe, tudo isso pode ser evitado”.
Praticamente ao mesmo tempo, o dólar subia vertiginosamente nas casas de câmbio, até bater a máxima de R$ 5,70 e fechar o dia em R$ 5,66.
A fala de Lula indicando que seu governo quer, agora, taxar até mesmo as carnes vermelhas “chiques” – dentre elas a picanha que ele prometeu exaustivamente durante a campanha – não foi a única razão para o estouro no dólar, é claro.
A principal delas, segundo a maioria dos analistas e economistas do país, foram os ataques incessantes de Lula a Roberto Campos Neto, o presidente do Banco Central (BACEN) que foi eleito por Lula como vilão e inimigo público nº 1 do Brasil.
Para Lula, o que o povão come todo dia, mesmo, é pé de galinha, enquanto que a picanha é coisa de rico. Nada de “picanha e cervejinha” pra todo mundo
Na falta de visão e de propostas concretas para crescer a economia do Brasil, Lula prefere focar seu tempo e energia culpando outros por suas falhas, e o espantalho da vez é um BACEN que ele não pode mais controlar, em razão da aprovação da lei que concedeu autonomia ao órgão.
A autonomia dos bancos centrais é um princípio caro aos mercados de todo o mundo, já que garante uma política monetária mais eficiente e livre de interferências e ingerências políticas, feita com base em critérios técnicos.