Por Rodrigo Oliveira
Bento XVI examina a natureza do amor humano e divino, e faz uma distinção importante entre dois tipos de amor: Eros e Ágape.
A sua encíclica, Deus caritas est, começa fazendo referência a Nietzsche, para o qual o cristianismo teria dado cicuta a eros.
Eros, para o Bento XVI, é o amor possessivo e desejante. Apesar de possuir uma dimensão legítima e necessária, sendo uma expressão fundamental da natureza humana, ele necessita de ser purificado e elevado. Se deixado em seu estado puramente natural, pode se tornar egoísta e degradar-se em mera satisfação de desejos.
De acordo com Bento, «são necessárias purificações e amadurecimentos, que passam também pela estrada da renúncia. Isto não é rejeição do eros, não é o seu ‹envenenamento›, mas a cura em ordem à sua verdadeira grandeza».
Por outro lado, Ágape é o amor oblativo e sacrificial, a partir do qual o ser humano se doa gratuitamente ao outro sem buscar nada em troca.
Este tipo de amor é característico do amor de Deus pela humanidade e deve servir como o maior dos modelos para o amor humano.
Bento XVI defende que Ágape é essencial para a transformação e purificação do Eros.
Desse modo, Eros, quando purificado por Ágape, tornar-se uma força que faz com que o ser humano transcenda o seu egoísmo e busque o bem do próximo.
Essa síntese, por sua vez, só é possível por meio da fé e da graça divina, que capacita os seres humanos a amar como Deus ama.
Eros sem Ágape é somente uma potência descontrolada que pode instrumentalizar o ser humano, fazendo dele uma mera fonte de satisfações dos desejos.