Editorial/Portal Aliança
Causou surpresa aos analistas dos índices de qualidade de vida, a recente divulgação de dados que apontam que, na Bahia, existe uma cidade que parece estar totalmente desconectada do cenário de decadência que aflige o estado há mais de uma década.
A surpresa maior de todas foi em relação ao quesito violência: enquanto a Bahia aparece como o estado mais violênto do país; enquanto Salvador desponta como a capital onde mais são cometidos assassinatos no Brasil, Vitória da Conquista, no sudoeste do estado, apresenta índices de segurança compatíveis com os das melhores cidades do sul e sudoeste do país.
Além disso, ela foi considerada a cidade baiana com melhor qualidade de vida na média geral dos índices avaliados, que além da segurança, englobam itens como saúde e educação.
Situada em um ponto geograficamente estratégico, a pouco mais de 100 km da divisa com Minas Gerais e bem no centro de uma malha rodoviária que interliga mais de 80 municípios, Vitória da Conquista funciona como uma espécie de capital regional, que serve como referência para o comércio, ensino superior e saúde de alta complexidade.
Todos os que se debruçaram até agora sobre as causas que tornaram Vitória da Conquista esse verdadeiro oásis em meio a decadência geral da Bahia, encontram logo pela frente o desafio de explicar como isso aconteceu.
Como explicar, por exemplo, que o grupo político que administra a Bahia há quase 20 anos, não tenha conseguido empurrar para baixo os índices de desenvolvimento conquistenses, como fez em praticamente todas as outras cidades do estado?
Se fizermos um balanço das realizações da administração pública, tomando como referência as grandes obras estruturantes, por exemplo, verificaremos que a última grande contribuição do poder público para o município foi a Universidade Estadual do Sudoeste, uma obra antiga, da década de 1980, entregue pelo então governador Antônio Carlos Magalhães.
De lá para cá, foram só promessas e trapalhadas. Uma tal de barragem do Catolé, por exemplo, que é apontada como a solução para a crise hídrica que vive a rondar o município, já teve as obras iniciadas e interrompidas várias vezes, numa ostensiva demonstração de desperdício do dinheiro público.
Da última vez, inclusive, a interrupção ocorreu por conta da contratação de uma empresa terceirizada que era nada menos do que um braço podre da OAS, empreiteira envolvida até o pescoço em vários e grandes escândalos de corrupçãpo no país.
A COESA, essa estranha empreiteira contratada de forma ainda mais esquisita, não entregou, é claro, o que acordou com o governo e nem sequer pagou a folha dos funcionários.
Outra obra de relativa importância na cidade, o aeroporto Glauber Rocha, teve a ordem de serviço assinada no governo Dilma, mas só foi concluido muito tempo depois, no governo Bolsonaro, depois de muita pressão da sociedade civil.
Como "vingança" pelo mérito do opositor, que concluio a obra que se arrastava sem solução, o governador petista da época proibiu a Polícia Militar de fazer a segurança da inauguração, que teve que ser feita por forças federais.
A estrada que liga a cidade à capital do estado, a BR-116, que é administrada pela ViaBahia, já deveria ter sido duplicada faz tempo por força do contrato assinado com o governo federal. A empresa simplesmente descumpre o que foi determinado contratualmente, e nenhum representante do poder público demonstra interesse verdadeiro em solucionar o problema.
Mas nada parece mais estranho ao observador externo, do que o fato de que mesmo com todas essas evidências do desprestígio de Vitória da Conquista junto aos setores esquerdistas hegemônicos na política nacional e estadual, os eleitores conquistense continuem elegendo parlamentares da esquerda para representar o município, tanto na esfera estadual quanto na federal.
Só para se ter uma ideia do desserviço prestado por esses eleitos, atualmente a cidade é governada por uma prefeita que faz oposição ao governo do estado, e, por conta disso, a prefeitura não é contemplada com emendas parlamentares que poderiam melhorar ainda mais a qualidade de vida de todos os cidadãos. Um boicote à gestão da adversária política, que acerta em cheio no interesse geral da população.
Querem um absurdo maior? Os partidos de oposição à prefeita, que são da base do governo estadual e federal, entraram recentemente na justiça para tentar interromper um programa de asistência social denominado SUAS na Comunidade, sob a alegação de que traria vantagen eleitorais para a prefeita, ou seja, o povo que se dane.
E assim segue Vitória da Conquista, que mesmo perseguida e atrapalhada em seu progresso por aqueles que lhe deveriam estender a mão, se destaca no cenário nacional como um oásis de prosperidade.
Agora imaginem se todas essa pedras no caminho fossem pontos de apoio? Imaginem se esses parlamentares jogassem a favor da cidade e não dos seus próprios interesses e dos de seus "amiguinhos" da cúpula do poder? A que alturas ainda maiores chegaria o desenvolvimento de Vitória da Conquista?
Um pequeno ajuste na decisão do voto de alguns eleitores conquistenses que, por ingenuidade ou conveniência particular, fazem escolhas equivocadas, e ninguém será capaz de parar a Joia do Sertão.