Editorial/Portal Aliança
A maioria dos analistas costuma afirmar que nenhuma eleição é tão complexa, quanto as eleições municipais. Para conquistar uma vaga de vereador, por exemplo, quase sempre é preciso contar com um número sigificativo de votos em uma área específica do município, já que é muito raro que um candidato a vereança receba votos pulverizados.
Normalmente, a força política do candidato a vereador está na comunidade onde ele se faz presente. Esse contexto, torna a eleição de novos nomes uma tarefa difícil, já que os que já estão na Câmara Municipal, levam uma imensa vantagem no quesito articulação. É sempre possível fazer um favorzinho qualquer para agradar um lider comunitário, quando se tem um mandato na mão.
Depois é preciso ainda convencer os caciques dos partidos, para poder ter o nome apreciado na convenção partidária, e os critérios utilizados nesse expediente nem sempre são os mais justos.
Muita gente boa acaba ficando fora da disputa, porque não aceita fazer parte dos "acordos", ou, simplesmente, porque não goza da simpatia da cúpula partidária.
Já na disputa majoritária para prefeito, as definições são mais tranquilas. Por conta da proximidade dos candidatos com a população da cidade, não é muito comum que aconteçam disputas muito acirradas para o cargo de gestor do executivo municipal. Normalmente as pesquisas de opinião já revelam o favorito com alguns meses de antecedência.
Normalmente, quando a administração não é aprovada pelos eleitores, a oposição já sai na vantagem. Da mesma forma, uma boa gestão, praticamente garante uma reeeleição ou a vitória do candidato indicado pelo prefeito.
Vejamos, como exemplo, o cenário atual da disputa em uma das principais cidades do interior baiano: Vitória da Conquista.
Três candidatos aparecem com chances reais, de acordo com as pesquisas oficiais divulgadas até agora, de chegarem à vitória em outubro.
Essas mesma pesquisas, revelam um amplo favoritismo da atual prefeita da cidade, que aparece com mais de dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado.
A posição favorável da prefeita, nesse caso, se deve tanto aos méritos da administração dela, quanto às limitações severas apresentadas pelos principais adversários na disputa.
A candidata da oposição que aparece em segundo lugar, por exemplo, tem o seu eleitorado relacionado principalmente a benefícios que ela forneceu em projetos sociais que administra.
Isso significa, que dificilmente ela conquistará votos fora desse microcosmo dos que foram beneficiados diretamente por esses favorecimentos.
Outra desvantagem da referida candidata da oposição, é a dificuldade evidente que ela apresenta na área da comunicação, evitando sempre entrevistas e debates, o que leva os eleitores a uma crença de que ela não está preparada para o imenso desafio de administrar os problemas de uma cidade com quase meio milhão de habitantes.
Já o candidato que depontou na terceira posição na última pesquisa ofcial divulgada, tem também um contexto desfavorável para que a sua candidatura decole.
Além de apresentar um discurso impreciso e truncado, sempre que se manifesta publicamente, ele ainda adota, de forma forçada e exagerada, a velha e desgastada fórmula de apontar os erros do adversário de forma agressiva, em vez de apresentar planos estratégicos para o município, o que na politica moderna é muito mal visto pela maioria do eleitorado.
Para comprovar isso, basta verificar que os políticos mais bem avaliados no país atualmente, como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado, não costumam descer até o chão da acusação barata, quando entram no debate político. São, na verdade, homens de resultado.
Outro inconveniente do opositor que aparece como terceira força na disputa em Vitória da Conquista, é o alinhamento ideológico com o governo do estado, que atravessa aquele que talvez seja o pior momento da história da gestão pública na Bahia.
Só para se ter uma ideia, o estado tem em seu território, sete das dez cidades mais violentas do Brasil. Isso sem falar na precariedade em outros índices importantes, como educação e emprego, onde a Bahia também amarga as últimas posições.
Todos, com um mínimo de sensatez, hão de convir que subir em um palanque com um governador com uma ficha dessa categoria, é o mesmo que pedir para sepultar as chances de vitória em qualquer eleição.
É por isso que, em uma análise ainda precoce, mas com grande chances de confirmação em breve, a atual gestora só tem que tocar a bola de lado e fazer o dever de casa, como se diz na giria do futebol, para levar vantagem nessa disputa nas urnas.