Há pouco mais de um mês, indígenas da etnia Paiter Surui, que vivem na divisa dos estados de Rondônia e Mato Grosso, começaram a notar que as águas de riachos e afluentes próximos a uma de suas aldeias na Terra Indígena Sete de Setembro tiveram uma ligeira mudança na cor e sabor.
Pequenas vias de terra batida também surgiram na mata, assim como rastros da passagem de máquinas pesadas. A ação de garimpeiros na região não era totalmente novidade, mas alguns indígenas que se embrenharam na selva viram algo com o que não estavam acostumados: criminosos armados de fuzis e armas longas.
Ou seja, o novo garimpo de ouro é administrado por uma facção criminosa, segundo o líder indígena do território, cacique Almir Suruí. Habitantes da região suspeitam que os criminosos são ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
A reportagem vem questionando a Polícia Federal desde o último dia 7 sobre a facção e o garimpo, mas não obteve resposta.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, esteve na aldeia em junho e foi informada do problema do garimpo. A pasta disse à reportagem que "acompanha o caso de perto", mas não deu informações sobre medidas concretas.
A partir dos relatos dos indígenas, a Gazeta do Povo encontrou a localização do garimpo e acompanhou sua evolução por meio de imagens de satélites.
A reportagem utilizou imagens de dois sistemas para identificar a atividade ilegal dentro da terra indígena: imagens do sensor Sentinel-2 extraídas do Programa Copernicus, da agência espacial europeia, e imagens do Google Earth, uma ferramenta do Google que agrega imagens de satélites privados e fotografias produzidas por aviões.
Com apoio do perito ambiental Rafael de Souza Tímbola, que é engenheiro ambiental e doutor em Engenharia, foi possível apontar a data estimada de início da atividade na área e o tamanho do garimpo.
Fonte: Gazeta do Povo