Sou pai de três crianças, todas nascidas após 2009. Elas pertencem a uma geração que desconhece o prazer de brincar na rua, algo que marcou minha infância e, com certeza, de muitos dos meus leitores.
Lembro-me de passar horas jogando bola, andando de bicicleta e inventando e zoando com os amigos do bairro. Pergunto-me: era uma época de mais liberdade? Tenho cá minhas dúvidas.
Só sei de uma coisa: hoje, meus filhos passam o tempo livre com a cara enfiada no celular. É um contraste constrangedor entre uma infância baseada no brincar e uma vivida em redes sociais e joguinhos eletrônicos. Não sou saudosista e tampouco especialista em psicologia social; sou um pai preocupado.
Então, recorri a especialistas. As férias me dão a liberdade de ler coisas que não são da minha área de atuação. Como professor, também me preocupo com essa geração “dancinha do TikTok”.
Foi nesse contexto que me deparei com o livro de Jonathan Haidt A Geração Ansiosa, recém-publicado pela Companhia das Letras. Haidt oferece uma análise detalhada sobre os efeitos de uma infância digitalizada.
Ele explora como a relação paradoxal entre superproteção e o uso excessivo de dispositivos eletrônicos transformou uma geração inteira. Não há precedentes na história humana.
Nossos filhos estão ansiosos e, além disso, são incapazes de enfrentar desafios. O livro de Haidt me trouxe reflexões sobre o que meus filhos enfrentarão. Lendo o livro, sinto que fiz muitas coisas erradas. O diagnóstico de Haidt não é totalmente pessimista; ele traz lições para que possamos consertar isso.
Fonte: Gazeta do Povo