Por Henrique Bredda
A palavra "saber" deriva do latim "sapere," que significa "ter sabor".
Originalmente, "sapere" referia-se ao ato de perceber sabores, isto é, o sentido do gosto. Esse significado está diretamente ligado ao verbo "sapio," que também significa "ter sabor" ou "ter bom gosto."
Por extensão, "sapere" também veio a significar "perceber com os sentidos" ou "discernir," e, finalmente, "ter discernimento" ou "ser sábio."
A sabedoria e o conhecimento envolvem uma espécie de "saborear" ou "degustar" a verdade.
O mundo moderno, imerso em uma cultura de racionalidade extrema, despreza a importância da experiência sensível e imediata do conhecimento.
O conhecimento é uma forma de saborear o eterno. Não se trata de uma explicação detalhada e analítica, mas de um reconhecimento imediato e intuitivo da verdade.
A modernidade falha ao buscar somente as explicações racionais e esquecer o aspecto contemplativo e experiencial do saber.
Existe uma satisfação intrínseca no ato de conhecer, um "sabor" que é tanto sensível quanto intelectual. Este prazer não é apenas um subproduto do conhecimento, mas uma parte essencial dele.
A modernidade, com sua ênfase excessiva na análise e na explicação, ignora este prazer, esta experiência imediata e gratificante de simplesmente "saber".
A modernidade, ao buscar dominar e explicar a realidade, perde de vista a necessidade de humildade e abertura ao 'mistério'. A modernidade não tem sabor.
O desafio para a modernidade é redescobrir o "sabor" no saber, reconhecer que a verdadeira sabedoria transcende a mera explicação e se enraíza em uma experiência vivida, profunda e dificilmente exprimível em palavras.
A obsessão pela explicação racional em detrimento da experiência sensível e espiritual do conhecimento, deixa a pessoa 'moderna' sem paladar para saborear o mundo.
Sabor, você sabe, mas não sabe explicar. Você compreende, mas não transmite perfeitamente. Eu sei a diferença entre o sabor de uma laranja e o de uma maçã, mas não consigo explicar. Somente saboreando é que se sabe.
Ao invés de você ficar na ânsia de querer saber o por quê, deveria ter mais fé em quem já saboreou.
Por isso que prefiro aprender com os mais experientes.