Por Fernando Jasper/Gazeta do Povo
O governo opera uma usina de negócios estranhos e bilionários que tendem a ser bancados pelo povo, em benefício de interesses privados, políticos e mesmo internacionais. Ela funciona no Ministério de Minas e Energia (MME), a menos de um quilômetro do Palácio do Planalto.
Nenhum dos acordos costurados pela pasta sofreu censura pública do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário: o ministro Alexandre Silveira é dos mais prestigiados, até porque muito do que diz e faz vai ao encontro dos interesses do chefe do Executivo.
O ministro tem dito que o Brasil está perto de um "colapso tarifário" na área de energia. Correto. Somos o país da energia barata (na hora de gerar) e da tarifa cara (na hora de pagar), tamanhas as distorções do setor elétrico. A questão é que iniciativas do governo contribuem para agravar a situação.
A mais recente, envolvendo a Eletrobras, é exemplo do esmero de Silveira em atender às vontades de Lula, qualquer que seja o custo.
O presidente cultiva a obsessão de controlar a companhia, privatizada em 2022. Ele entende que o setor elétrico só funciona se dominado pelo governo.
Lula recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra a lei de privatização, que transformou a Eletrobras em "corporation" – empresa de controle pulverizado, em que a ingerência de grandes acionistas é limitada. Dono de 43% das ações, o governo tem um de nove assentos no conselho, e quer mais.
O STF decidiu não decidir e abriu conciliação. O acordo negociado entre MME e Eletrobras para resolver a questão é de arregalar os olhos. Ao menos os do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tenta impedir o acerto.