Ao citar os desdobramentos do polêmico Inquérito das Milícias Digitais capitaneado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre Moraes, o ex-presidente da Corte, o ex-ministro Nelson Jobim (foto), criticou o aumento do “intervencionismo” do STF e disse que os atos do dia 8 de janeiro foram “catarse de frustração” e não “golpe”, como tem sido tratado pelo Supremo.
“Começou a haver uma coisa curiosa, um intervencionismo maior. Observem bem esse inquérito [das Milícias Digitais] que está com o ministro Alexandre de Moraes, não termina nunca e cada vez mais expandiu o objetivo", afirmou Jobim durante entrevista concedida à CNN Brasil neste domingo (11).
"Esse inquérito foi criado pelo [Dias] Toffoli para responder às investigações de pessoas que estavam falando mal do Supremo”, continuou.
Ao falar sobre os desdobramentos do inquérito, o ex-ministro também criticou a condução das investigações contra manifestantes acusados de “tentativa de golpe” com os atos de 8 de janeiro.
“Aquelas pessoas todas ficaram um tempo enorme na frente dos quartéis, acampados, aquela coisa toda, pretendendo que os militares interviessem para o governo. Ou seja, dessem um golpe. [As pessoas] pretendiam uma intervenção militar no processo político […] e não conseguiram”, disse Jobim.
“Eu enxergo aquela manifestação da rua, que é tratada como golpe, como uma espécie de catarse da frustração que tiveram de não obter a intervenção militar”, completou Nelson Jobim.
Segundo o ex-ministro, acusações de “golpe”, “terrorismo” ou abolição do Estado Democrático de Direito não se enquadram nas condutas dos manifestantes.
Fonte: Gazeta do Povo