Por Guilherme Fiuza/Gazeta do Povo
Numa ação de marketing espalhafatoso, uma emissora de televisão e a administração municipal do Rio de Janeiro penduraram a réplica gigante de uma medalha de ouro na estátua do Cristo Redentor. Quando é para fazer exaltação midiática, o símbolo religioso serve.
Mas na patética abertura dos Jogos Olímpicos em Paris, a religião serviu só para provocação e zombaria, com aquela encenação bizarra da Santa Ceia. Os que usaram um helicóptero para jogar uma medalha cenográfica no pescoço do Cristo, no Rio de Janeiro, acharam ótima a provocação religiosa em Paris. Não se ouviu um pio ao contrário.
Então, se o negócio é esculhambar o cristianismo (ou qualquer outra religião, mas parece que a obsessão é com os cristãos), que sejam ao menos coerentes. Não venham pegar carona no símbolo mundialmente conhecido do Corcovado para fazer espetáculo. Para os marqueteiros de ocasião, o Cristo Redentor é só uma estátua famosa.
Se é para não misturar religião com esporte, zombar da fé alheia pode?
No patético show da Madonna, em Copacabana, aconteceu a mesmíssima coisa. O palco trazia aquela “revolução” com algumas décadas de mofo, naturalmente sem dispensar as provocações religiosas - fingindo chocar a sociedade puritana que só existe na cabeça dos falsos revolucionários. Todos sabem, nesse contexto, para que serviu o crucifixo. Mas e o marketing do show? Não aderiu às provocações supostamente vanguardistas? Claro que não.
Panfletos, panfletos, negócios à parte. Lá estava a imagem do Cristo Redentor nos cartazes de divulgação da Madonna in Rio. Não iam desperdiçar o símbolo famoso, certo? Mas não fica um negócio meio puritano? Deixa pra lá…
Na Olimpíada da Lacração, um surfista foi proibido de competir com a imagem do Cristo pintada na sua prancha. Aí não pode. Aí os Jogos são vedados a manifestações religiosas. Se é para não misturar religião com esporte, zombar da fé alheia pode?