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Lidando com a própria sombra - Fugir ou encarar?
Comportamento
Publicado em 29/08/2024

Por Rodrigo Oliveira

Quando Chesterton foi questionado sobre o principal problema do mundo, ele respondeu: “Eu”. Tolstói afirmou que era mais fácil mudar o mundo do que a si mesmo. Santo Agostinho, em sua crise de fé, declarou: “Tornei-me um problema para mim mesmo”.

São Paulo sintetizou tudo isso em uma única linha: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.”

Na maioria das vezes, somos nossos próprios obstáculos. Quando estou com preguiça, sou eu que estou com preguiça; quando sinto raiva, sou eu que sinto raiva; quando estou angustiado, sou eu que estou angustiado.

Essa obviedade é frequentemente esquecida, pois tendemos a procurar um problema externo ou a culpar o “outro” – seja lá o que esse “outro” signifique.

Konner, ao se olhar no espelho, pode ter visto “o pior animal da Terra” – mas, além disso, também podemos ser “o melhor animal da Terra”. Sempre há em nós um Dr. Jekyll e um Hyde, personagens de O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson.

Em cada um de nós, habitam o Fausto, de Goethe; Iago, de Shakespeare; Dorian Gray, de Oscar Wilde; e Drácula, de Bram Stoker.

Encarar essas sombras é essencial para jogar luz sobre nossa própria maldade. Segundo Hannah Arendt, a banalização do mal ocorre quando nos esquecemos de que somos ou podemos ser maus – ou quando acreditamos que os males que cometemos não são realmente males, mas apenas um modo de agir que se tornou natural em determinado período.

Reconhecer-se como mau e arrepender-se disso tem se tornado cada vez mais raro em uma sociedade de pessoas que se consideram como deuses. Interessante notar que os deuses gregos não precisavam dar satisfação de seus atos impiedosos.

O homem contemporâneo, ao fingir que não é mau, acredita não precisar prestar contas pelos males que realiza, pois, em sua visão, ele não está fazendo mal algum.

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