Por Paulo Pouzonoff/Gazeta do Povo
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
- Geraldo Vandré*
Para a surpresa de muitos que relutamos em encarar a realidade, o ex-presidente Jair Bolsonaro, em entrevista à Rádio Auriverde, jogou um balde, um tonel, uma caixa d´água, um caminhão-pipa, uma, dez, mil piscinas olímpicas de água fria em quem pretende, hoje, dia 7 de setembro, vestir verde e amarelo e lotar a Avenida Paulista para pedir o impeachment de Alexandre de Moraes.
Além de pedir aos manifestantes que não levem cartazes contra o ministro e o STF, Bolsonaro já até comunicou à corte suprema que, no tocante ao impeachment, não falará sobre isso aí, talquei?
E mais: que impeachment não resolve nada, que quem pede impeachment tem “outros interesses”, que os demais ministros têm que se sensibilizar, etecétera e tal.
Depois, consta que pôs o rabo entre as pernas e foi pedir o carinho do povo em alguma carreata.
Mas a manifestação do dia 7 de setembro não é pelo impeachment do Alexandre de Moraes?
É Por isso mesmo é que a postura de Bolsonaro é, num primeiro momento, revoltante. Para logo em seguida se transformar em assustadora e deprimente.
Afinal, trata-se de “o grande líder da direita” simplesmente se recusando a lutar ao lado de um povo que anseia por um líder. Um líder de verdade.
Você consegue imaginar Václav Havel fazendo isso? Consegue imaginar Lech Walesa? E que tal algo mais próximo e contemporâneo, como a venezuelana Maria Corina Machado?
Você consegue imaginar um líder da resistência da Alemanha Oriental pedindo para os manifestantes não derrubarem o Muro de Berlim? Não, né? Nem eu nem ninguém conseguimos, porque atitudes covardes assim são impensáveis num líder digno do nome.