A demissão de Silvio Almeida após um ano e oito meses à frente do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania expôs a forma diferente com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trata denúncias contra seus ministros de governo.
Almeida acabou sendo demitido menos de 24 horas depois de virem a público denúncias de assédio sexual e moral contra ele, feitas por integrantes do governo à ONG Me Too Brasil.
Um complicador da crise, que acabou acelerando a saída dele, foi a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, aparecer como uma das supostas vítimas.
Por outro lado, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, envolvido em denúncias de corrupção, teve o apoio de Lula e continua no governo.
Ele chegou a ser submetido a investigações na Comissão de Ética da Presidência, mas o caso acabou arquivado. Juscelino não foi afastado sequer durante essa investigação. Analistas políticos apontam que seu vínculo com o Centrão contribuiu para sua permanência no cargo.
A demissão de Sílvio Almeida ocorreu na sexta-feira (6) e já nesta segunda (9) Lula nomeou uma mulher negra para comandar o Ministério dos Direitos Humanos: a deputada estadual pelo PT de Minas Gerais, Macaé Evaristo.
Apesar de atender aos anseios de movimentos identitários, a escolha da nova ministra reforçou que Lula não demonstra preocupação com acusações de improbidade administrativa contra os membros de seu gabinete, já que Evaristo é ré, na Justiça de Minas Gerais, em um processo de superfaturamento milionário na compra de uniformes escolares em Belo Horizonte, quando era secretária da Educação da capital mineira.
A nova ministra negou qualquer irregularidade durante sua gestão na secretaria de Educação de Belo Horizonte e disse que segue “tranquila e consciente do compromisso com a transparência e correta gestão dos recursos públicos”.
Fonte: Gazeta do Povo