Por Henrique Bredda
Santo Agostinho, que brilhantemente conciliou a filosofia clássica com as Escrituras, é descartado como irrelevante. Sua visão de que a Cidade de Deus e a cidade dos homens estão em constante tensão foi invertida; agora, a cidade dos homens é a única que importa, e o destino eterno das almas é um eco distante, uma superstição abandonada.
O desprezo pela doutrina agostiniana leva ao triunfalismo de um secularismo sem alma, onde o homem busca sentido apenas no que pode construir aqui e agora, esquecendo-se que, sem Deus, todo esforço humano se desintegra em ruínas.
E São Tomás de Aquino, o gigante intelectual que uniu razão e fé, é banido como um monstro do passado. Sua síntese entre Aristóteles e o cristianismo, entre a razão natural e a verdade revelada, é acusada de repressão intelectual. Na sociedade que o esqueceu, a razão e a fé não são mais aliadas, mas inimigas irreconciliáveis.
Sem a luz da razão divina, a ciência perde sua âncora moral, e sem a fé iluminada pela razão, a religião torna-se um simples jogo emocional, um assistencialismo ideológico, um jogo político, desprovido de profundidade intelectual.
O que resta, então, dessa civilização que deliberadamente escolheu esquecer seus mestres? Restam os escombros. Restam as sombras de uma civilização que, negando seu próprio fundamento, não encontrou nada sólido para colocar em seu lugar.
As catedrais, vazias de fiéis e de sentido, transformaram-se em museus, e as bibliotecas tornaram-se arquivos de textos esquecidos, lidos por poucos e entendidos por menos ainda.
O homem ocidental, sem a luz da razão e da fé, está perdido em um mundo sem rumo, onde a busca pela felicidade se tornou uma corrida desesperada pelo prazer imediato, e a busca pela verdade foi substituída por slogans e superficialidades.
Sem Sócrates, Platão, Aristóteles, as Sagradas Escrituras, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, a alma da Civilização Ocidental se vai, e em seu lugar restará apenas um corpo vazio, um cadáver a ser enterrado no campo da história, sem esperança de ressurreição.
Ou retornamos à nossa origem, ou esperamos pela dolorosa decomposição de nossa Civilização Ocidental.