Por Henrique Bredda
Inteligência é a capacidade humana única de apreender a verdade, tanto no nível sensível quanto no intelectual.
A inteligência é a potência do intelecto para apreender a verdade. Ela pode se manifestar em atos de pensamento, de raciocínio, de intuição ou de contemplação, mas o que a define não são os meios usados (como memória, raciocínio ou imaginação), e sim o resultado — a apreensão da verdade. Pensar sem chegar à verdade não é propriamente inteligir.
A ideia moderna das "inteligências múltiplas", nascida da discussão de QI vs QE (quociente de inteligência vs quociente emocional) deturpa ainda mais a definição de inteligência, numa confusão entre meios e fins.
A imaginação, o raciocínio, habilidades musicais, matemáticas, etc, são meios que, por si só, não garantem a verdadeira operação da inteligência. Essas habilidades podem ser auxiliares, mas a inteligência em seu sentido pleno é a capacidade de captar a verdade.
A inteligência, portanto, não pode ser reduzida a habilidades instrumentais ou operacionais. Ela é a capacidade humana de perceber a verdade, de fazer coincidir o intelecto com a realidade, e de julgar o verdadeiro ou falso.
Enquanto a educação moderna se concentra no desenvolvimento de habilidades, a verdadeira operação da inteligência está na capacidade de captar a verdade, seja por meio do raciocínio, da contemplação ou da iluminação divina.
Nesse sentido, Santa Teresinha de Lisieux é bem mais inteligente do que Freud e Nietzsche, pois teve a capacidade, a inteligência, de captar a verdade mais profunda sobre a existência humana.
Enquanto Freud reduziu o ser humano a impulsos inconscientes e Nietzsche rejeitou Deus em favor de uma filosofia baseada no "super-homem", Santa Teresinha, com sua "Pequena Via", compreendeu e viveu a verdade essencial de que o amor de Deus é o centro da existência.
A inteligência de Teresinha reside na clareza com que percebeu o que é essencial: a humildade, o amor e o abandono a Deus são as chaves para a verdadeira felicidade e realização.
As construções puramente racionais e psicológicas de Freud e Nietzsche não são inteligentes. Pelo contrário.
Para Santo Agostinho, a verdade é, em última análise, a expressão da sabedoria divina e o ponto culminante de toda a atividade humana racional. Em sua obra "De Trinitate" (Sobre a Trindade), Agostinho afirma que a verdade é um reflexo do Verbo, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.
Ele sustenta que a inteligência humana é um dom que nos permite perceber essa verdade, mas sempre em diálogo com a iluminação divina.
Agostinho argumenta que o conhecimento humano da verdade não é obtido exclusivamente por meio dos sentidos ou pela razão discursiva, mas por uma iluminação interior, um raio da verdade eterna que nos permite captar o que é verdadeiro.
Em "Confissões", Agostinho relata sua própria experiência com a verdade como algo que transcende os sentidos e a mera racionalidade. Ele descreve o momento em que "viu" a Verdade com o olho do espírito, e percebeu que a inteligência humana só pode conhecer a verdade quando Deus ilumina a mente.
Santo Agostinho, portanto, reforça a ideia de que a inteligência não é uma simples operação mental ou uma soma de habilidades cognitivas, mas uma capacidade de se conectar à verdade transcendente. Ele postula que a alma humana tem uma abertura natural para o verdadeiro, mas precisa da graça divina para realmente compreendê-lo.
Existe uma distinção entre "pensar" e "inteligir". Para Agostinho, pensar sem alcançar a verdade é um ato vazio, enquanto o "inteligir", no verdadeiro sentido, envolve a participação da alma na luz da verdade divina.
Inteligência, em essência, é a capacidade de apreender a verdade. Inteligência não consiste em pensar. Se ao pensarmos, o nosso pensamento não captar o que é verdade, o que está em ação de fato não é a inteligência, mas apenas um desfile de ideias, mesmo que pareçam 'sofisticadas', sem nenhum grau de inteligência.