Por Henrique Bredda
São Tomás de Aquino, influenciado tanto por Aristóteles quanto por Santo Agostinho, reforça essa visão ao discutir a relação entre o intelecto humano e a verdade. Para ele, a verdade é a adequação do intelecto à coisa.
O homem que acredita ser a fonte da verdade, ao invés de reconhecê-la na realidade externa, desordena sua razão e se distancia de Deus, que é a Verdade Suprema.
O segundo grupo, ao contrário, reconhece que a verdade não é algo a ser moldado pelos caprichos humanos, mas algo a ser descoberto.
Essas pessoas aceitam a realidade tal como se apresenta, com humildade e reverência, submetendo seu intelecto e suas ações à ordem natural e divina do universo.
Elas não impõem suas opiniões sobre o mundo, mas buscam entender a essência e a substância das coisas, respeitando a ordem da criação.
Para Aristóteles, isso é o que define a sabedoria: o desejo de conhecer as causas últimas das coisas. Ele argumenta que o sábio é aquele que contempla a realidade em sua totalidade, buscando captar as leis universais que regem o cosmos.
Este desejo de conhecimento, de conformar-se à verdade externa, é o que leva o homem à felicidade, pois só quando estamos em conformidade com a realidade somos verdadeiramente realizados.
Santo Agostinho vai além e mostra que essa busca pela verdade é, em última análise, uma busca por Deus, que é a Verdade Absoluta. “Inquieto está nosso coração até que descanse em Ti,” escreve ele.
A verdadeira felicidade não está em impor nossa vontade ao mundo, mas em nos submetermos à vontade divina, à ordem criada por Deus.
Quando o homem reconhece a verdade objetiva e vive em conformidade com ela, ele encontra a paz e a santidade.
Complementando Agostinho, São Tomás de Aquino diz que a felicidade última do homem está na contemplação de Deus, a Verdade Suprema.
A razão humana, iluminada pela fé, é capaz de conhecer a ordem natural e divina, e agir em conformidade com essa ordem é o que nos aproxima da santidade.
Tomás nos lembra que a santidade não está apenas na conformidade externa às leis divinas, mas na conformidade interna do intelecto e da vontade à realidade, ou seja, à Verdade.