Os recentes ataques de Israel contra a rede de influência regional do Irã, conhecida como Eixo da Resistência, ampliaram a retórica em defesa do uso de armas nucleares dentro do regime de Teerã, que levou duros golpes nos últimos meses com a morte dos dois principais líderes do Hamas, Ismail Haniya e Yahya Sinwar, e do número um do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
Essa ameaça não é uma novidade no discurso do país persa, estando presente por décadas em sua estratégia de dissuasão, tanto para demonstrar poder entre os aliados, como o Hezbollah, Hamas e outras facções terroristas, mas também para dissuadir qualquer chance de confronto militar direto com seus principais adversários - Israel e EUA.
Apesar de evitar a escalada da guerra regional por anos - mesmo quando atribuíram a Israel responsabilidade de ataque contra seus aliados na Síria e até mesmo contra cientistas envolvidos com o programa nuclear - o Irã recentemente mostrou parte de seu arsenal bélico ao lançar dois ataques diretos contra Tel Aviv nos últimos seis meses.
Essa mudança repentina de posicionamento pode indicar também que Teerã está disposto a usar estratégias mais duras contra Israel e seus parceiros ocidentais, inclusive no desenvolvimento e adoção de armas nucleares para uma possível retaliação de um ataque esperado por parte de Tel Aviv.
Para Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da faculdade ESPM, a falta de transparência do Irã com seu programa de enriquecimento de Urânio é usada como barganha para ameaçar e desestabilizar a região do Oriente Médio.
Fonte: Gazeta do Povo