Por Henrique Bredda
A dinâmica de revolta se manifesta no nível pessoal, nas relações familiares. Muitos, ao ingressarem na fase da adolescência, tendem a se revoltar contra seus pais e contra a autoridade que eles representam.
Este fenômeno, quando carregado de orgulho e vaidade, torna-se uma recusa estrutural e perigosa em reconhecer a ordem familiar estabelecida.
Como nas grandes revoluções, o adolescente quer autonomia total, rejeitando as normas impostas, justamente de quem mais o ama, e busca a liberdade absoluta, imaginando-se capaz de viver independentemente de qualquer forma de autoridade.
Essa rebeldia adolescente é um reflexo em miniatura das grandes revoluções históricas: a mesma tentação de se 'emancipar', de recusar a orientação dos mais experientes e de romper com o que foi herdado.
Ao agir assim, o jovem simboliza a luta entre a humildade necessária para aceitar o próprio lugar no mundo e a vaidade de querer ser senhor absoluto de si.
É a parábola do filho pródigo. Até terminar comendo lavagem de porco, se arrepender e voltar para a casa do Pai, vai um bom tempo.
Quando se observa a história da humanidade, pode-se perceber que cada revolta contra a ordem e a autoridade, seja no plano espiritual, social ou familiar, tem como base o orgulho.
E o orgulho, ao se tornar o princípio fundamental das ações humanas, leva à ruína.
Sem a hierarquia, a ordem e o respeito à autoridade, a civilização desmorona, pois a harmonia depende da submissão da parte ao todo, da criatura ao Criador.
A verdadeira liberdade, então, não reside na revolta, mas na aceitação da ordem que Deus estabeleceu.
Toda revolta contra a autoridade e a ordem divina é, em última análise, uma repetição do “Non serviam” de Lúcifer.
E o antídoto para essa rebelião é a virtude da humildade, que consiste em reconhecer a própria condição de criatura e, assim, aceitar o lugar que nos foi dado.
Santo Tomás de Aquino, ao discutir a ordem natural, afirma que a paz e a justiça são frutos da obediência a Deus e à sua lei.
Ainda é tempo para voltar para a casa do Pai. Ainda.