Por Mises Brasil
O ser humano é um animal dotado da capacidade de raciocinar, imitar e imaginar. Mas não só. Ele é também um animal dotado da capacidade de verbalizar e comunicar suas ideias com o propósito de persuadir seus interlocutores, trocar informações com eles ou, simplesmente, expressar suas emoções.
A capacidade de se expressar livremente é o mecanismo por meio do qual o ser humano mantém a sociedade funcionando. É em decorrência da liberdade de expressão e da capacidade de articular ideias que as pessoas conseguem apontar problemas, explicá-los, solucioná-los e tentar chegar a um consenso.
Mas há o outro lado: a transmissão de ideias também representa um foco potencial de conflitos entre os seres humanos. Um determinado conjunto de ideias pode nos parecer rechaçáveis, criticáveis ou mesmo repugnantes. Ou seja, as ideias não só nos seduzem, como também podem nos molestar.
O adjetivo 'politicamente correto' é usado para descrever linguagens ou ações que devem ser evitadas por serem vistas como 'excludentes' ou 'ofensivas'. Em tese, o politicamente correto defende a censura de ideias que marginalizam ou insultam grupos de pessoas tidos como desfavorecidos ou discriminados.
Para o politicamente correto, um debate aberto e sem censura, além de ofensivo para as minorias, é também subversivo, inflamatório e gerador de discórdias, devendo por isso ser censurado.
Mas isso atenta contra a lógica básica. O debate aberto é algo que, por definição, estimula a análise crítica e impede a uniformidade (e a hegemonia) intelectual.
O debate aberto e sem censura garante uma voz exatamente para os grupos mais marginalizados e excluídos - os quais, em tese, são o alvo da preocupação do politicamente correto.
Não há o "direito de não ser ofendido" simplesmente porque isso, caso realmente fosse impingido, levaria à extinção do próprio pensamento: o ser humano, por ser capaz de pensar, sempre poderá soar ofensivo a alguém. Querer proibir a expressão do pensamento significa proibir o próprio ato de pensar.